Artigo

Pe. Cristian Vieira

A PALAVRA DE DEUS: FUNDAMENTO DA CATEQUESE E DA VIDA DO CATEQUISTA

Por Pe. Cristian Vieira

 

Irmãos e irmãs, catequistas de nossa Diocese, há um canto entoado em nossas comunidades que diz: “fazei ressoar, a Palavra de Deus em todo lugar”. A Igreja professa que Cristo “está presente na sua palavra, pois é ele quem fala quando na Igreja se leem as Sagradas Escrituras” (SC 7), por sua vez, é necessário que essa Palavra – Jesus Cristo – seja ressoada sobre toda a face da Terra, a fim de congregar todas as pessoas em torno de Cristo Jesus. Eis a tarefa da catequese, ecoar a Palavra de Deus para que, aqueles que escutando-a se tornem discípulos-missionários de Cristo Jesus.

 

Já sabemos que a catequese está para o anúncio e a liturgia para a celebração, por isso, “anunciar o Evangelho não é título de glória (...), é antes, necessidade (cf. I Cor 9,16), sobretudo quando esta se dá na celebração da Eucaristia, pois a Palavra proclamada conduz a Eucaristia - “fonte e ápice de toda a vida da Igreja” (cf. LG 11). A comunidade que se reúne em torno da mesa da Palavra e da Eucaristia se torna assim assembleia dos convocados, e esta, ouvindo a Palavra, eleva seus louvores a Deus Pai e bebendo desta graça, sente a necessidade de comunicar aos outros.

 

A catequese exerce papel preponderante neste anúncio, pois nela, o fiel terá a oportunidade de adentrar mais na Palavra, ou seja, compreender que esta Palavra se fez Carne e habitou entre os homens (cf. Jo 1, 14) e na liturgia terá a oportunidade de celebrar com maior entendimento e sabedoria, tendo na liturgia um significado que penetra o coração e de lá não sai sem surtir efeito. Celebrando a liturgia da Palavra, a “alegre notícia do Evangelho tem em si a força de edificar a Igreja (At 20,32), e o crescimento da Palavra coincide com o crescimento da Igreja (At 6,7): os apóstolos e os profetas da nova Aliança ‘pregarão o Evangelho, suscitarão a fé em Jesus, Cristo e Senhor, e congregarão a Igreja’ (DV 17; cf. LG 19). Como os Apóstolos naquela época, hoje os bispos, os seus sucessores, ‘pregam a Palavra da verdade e geram as Igrejas’” (AG 1) (cf. MANNUCCI, 2008, p. 404).

 

Junto aos bispos, todos aqueles que “contribuem para santamente conduzir a vida e fazer crescer a fé do Povo de Deus” (DV 8), são chamados a proclamar a Palavra de Deus em todos os lugares. Segundo o Diretório Nacional da Catequese, “a catequese é um dos meios pelos quais Deus continua hoje a se manifestar às pessoas. Ela atualiza a revelação acontecida no passado. O catequista experimenta a Palavra de Deus em sua boca, na medida em que, servindo-se da Sagrada Escritura e dos ensinamentos da Igreja, vivendo e testemunhando a fé na comunidade e no mundo, transmite para seus irmãos esta experiência de Deus” (DNC 27).

 

Queridos catequistas, a Palavra de Deus contém todo o fundamento para a catequese, mas antes de anunciar, comunicar esta palavra, é necessário que tenhamos um encontro profundo e transformador com ela. De fato, a Palavra de Deus nos transforma, faz do homem velho, uma nova criatura (cf. I Cor 5,17), nos dá coragem para anunciar em meio as dificuldades enfrentadas, por que a Palavra de Deus supera qualquer desafio e a fé fundamentada nesta Palavra, é uma fé que dá bom testemunho, coragem, perseverança e desejo de que todos um dia sejam tocados por essa Palavra como cada um de nós fomos.

 

Por fim, uma oração que brota da leitura da Bíblia faz ressoar a própria Palavra de Deus, como o Magnificat de Maria (cf. Lc 2, 46-55), o Benedictus de Zacarias (cf. Lc 2, 67-79) e o Nunc dimittis de Simeão (cf. Lc 2,29-32). A oração não é mais do que um eco humilde da Palavra que ressoou dentro do leitor-orante (cf. MANNUCCI, 2008, p. 410) deixando o desejo de sempre querer encontrá-la, conforme as palavras do salmista: “Ó Deus, tu és meu Deus, eu te procuro. Minha alma tem sede de ti, minha carne te deseja com ardor, como terra seca, esgotada, sem água” (SL 63,2).        

 

Façamos essa experiência e permitamos que a Palavra de Deus transforme o nosso coração, nos dê vigor para nunca desanimarmos na missão de anunciar, celebrar e evangelizar. Eis a nossa grande missão, sermos fiéis comunicadores da Palavra de Deus.