Artigo

Pe. Ronaldo Borel de Freitas

QUEM COMO DEUS?

Por Pe. Ronaldo Borel de Freitas

 

O primeiro capítulo do livro do Gênesis coloca-nos diante de um Deus Criador. Constata-se que tudo passa a existir, porque obedece à Palavra Divina. Deus manifesta sua bondade na obra da criação; tudo é bom e, o ápice dessa criação, é o homem e a mulher, criados para amar. Homem e mulher não foram criados para o pecado, todavia quando estes agiram de maneira presunçosa e desejaram competir com Deus, buscando ocupar o seu lugar e decidir o que é bom e ruim, o pecado passou a existir.

 

De modo nenhum o homem deve desejar se igualar a Deus, querer tonar-se como Deus. Nesse sentido, é apresentada na Bíblia, no livro do Apocalipse, uma dramática descrição de uma batalha travada no céu: “houve então um combate no céu: Miguel e seus anjos combateram contra o dragão, e o dragão combateu junto com seus anjos. Ele, porém, foi derrotado, e eles perderam seu lugar no céu. Assim foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, chama Diabo e Satanás, que engana o mundo inteiro. Ele foi lançado à terra, e seus anjos foram lançados com ele (Ap 12, 7-9). Essa cena explicita a ambição de querer tornar-se como Deus, de querer tomar o lugar de Deus, todavia o Arcanjo Miguel combate em nome de Deus, reivindicando o Seu lugar. Esse episódio nos ajuda a compreender o significado do nome em hebraico do Arcanjo Miguel: “Quem é como Deus?”. Isso nos faz exclamar com todo ímpeto: ninguém é como Deus!

 

São muitos os combates, são muitas as lutas que hoje enfrentamos; a todo instante corremos o risco de sermos seduzidos a dar um passo na direção errada, a fazer a escolha equivocada. Podemos nos ver tomados pela tentação de sermos autossuficientes, voltando-nos unicamente para nós mesmos, o que certamente nos fará muito mal. Só seremos capazes de enfrentar as adversidades da vida se estivermos convictos do nosso lugar de “criatura”; e, sobretudo, reconhecermos Deus como nosso Criador.

 

Na Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, a peculiar devoção a São Miguel Arcanjo tem lugar especial nas terras de São Miguel, cidade de Guaçuí, onde foi erguida a paróquia São Miguel Arcanjo. No coração da Serra do Caparaó, essa porção do povo de Deus é testemunho vivo de que o Arcanjo Miguel trabalha incansavelmente na defesa da Igreja e na proteção dos filhos de Deus.  Sensibilizados pela devoção ao Arcanjo Miguel, a paróquia de Guaçuí criou, em 2018, a rota” “Quem como Deus”, possibilitando que a imagem desse santo, Padroeiro da Paróquia, fosse levada a todos os lugares, abraçando um número maior de pessoas. A tradicional novena a São Miguel é marco na história dessa paróquia; os testemunhos que chegam desse período são a certeza de que São Miguel continuamente defende a humanidade inteira nos combates da vida.

 

As batalhas da vida continuam. Nunca foi e nem será diferente. Dessas batalhas lutemos incansavelmente contra o desejo de querer tomar o lugar de Deus; pelo contrário: desejemos conhecer e realizar a vontade de Deus.

 

Que São Miguel Arcanjo, o príncipe da Milícia Celeste nos ajude a alcançar esse projeto de vida, e que esteja ao nosso lado, defendendo-nos no combate.