A Eucaristia é o Sacramento da memória que nos recorda, de forma real e palpável, a história de amor de Deus por nós. Ao celebrarmos a Solenidade do Santíssimo Corpo e do Sangue de Cristo, somos capazes de contemplar o grande desejo de Cristo de permanecer vivo entre nós e em nós. Ainda hoje, podemos nos aproximar desse banquete rico de valores e de dons, colhendo dele forças, para construir uma vida, segundo o Evangelho.

O Pão é o sinal da UNIDADE - “porque há um só pão, nós todos somos um só corpo, pois todos participamos desse único pão” (1Cor 10,17). Somos membros do mesmo Corpo de Cristo. O Papa Francisco nos recorda que “a onipotência de Deus é humilde, feita apenas de amor; e o amor faz grandes coisas com as coisas pequenas. Assim nos ensina a Eucaristia: n’Ela, está Deus encerrado num bocado de pão. Simples e essencial, pão partido e partilhado (...) leva a nos darmos, a nós mesmos, aos outros. É antídoto contra afirmações como ‘lamento, mas não me diz respeito’, ‘não tenho tempo, não posso, não é da minha conta’.” (2019)

Essa concepção nos afasta do egoísmo e da indiferença. O Pão se torna sinal de PARTILHA. Assim como muitos recolhiam o maná no deserto e o partilhavam em família, assim também, Jesus, “o Pão vivo descido do céu” (Jo 6,51), convida-nos a recebê-Lo e, juntos, partilhá-Lo. Foi precisamente esse partir o pão (Cf. Lc 24,35) que abriu os olhos dos discípulos de Emaús para reconhecerem o Mestre. Partir o pão se tornou ícone, sinal de reconhecimento de Cristo e dos cristãos. É interessante recordar as palavras de Jesus ao cuidar da multidão que ouvia seus ensinamentos: “Dai-lhes vós de comer” (Lc 9,13). Na multiplicação dos pães, Jesus respondia, certamente, a uma necessidade física imediata. Mas, nisso, já se revelava todo seu amor e seu desejo de saciá-los com o Verdadeiro Alimento.

A Eucaristia é a comunhão com Deus e sua obra de salvação. É sinal de VIDA! “Quem comer deste pão viverá eternamente” (Jo 6,51). Esta é a vontade do Pai: Ser alimento e fonte de Vida na caminhada rumo ao seu Reino. Do mesmo modo que nos alimentamos todos os dias e saciamos o corpo, dessa forma, também, é a nossa vida espiritual, que precisa ser alimentada e cuidada para que se torne vida e produza frutos. O cálice que abençoamos e o pão que partilhamos (Cf.1Cor 10,16) nos tornam membros da caminhada de discípulos no seguimento de Jesus.

Ao vivermos a realidade da pandemia de Covid-19, em que, por medidas de proteção, distanciamo-nos das Celebrações, em nossas comunidades, temos uma grande oportunidade para nos aproximar do real sentido e valor da Eucaristia. Lembremo-nos da última Ceia de Jesus com seus discípulos. Uma refeição. Nesse contexto de proximidade e amor, encontram-se os valores da comunhão e da partilha, gestos que podemos concretizar em nossa família, em nossa casa – a Igreja Doméstica.

Celebrar o Corpo e Sangue de Cristo, é celebrar a partilha e a unidade, feita por humildes e pequenos gestos de amor, pois, aquilo que temos só produz fruto se o partilharmos. Que brote, em nosso coração, esse sentimento de preocupação e cuidado; que, verdadeiramente, importemo-nos com a vida do outro. Vivamos este tempo de adoração como um momento para nos disponibilizar ao serviço dos nossos irmãos e irmãs; que peçamos ao Senhor a graça do seu Amor, Amor que sempre brota do coração de Deus por nós e gera a Vida.