Artigo

Pe. Ronaldo Borel de Freitas

EMAÚS: OLHOS ABERTOS PARA UM DESPERTAR ESPERANÇOSO

Por Pe. Ronaldo Borel de Freitas

 

DESPERTEMO-NOS! O TEMPO É AGORA!

Está em curso, na Igreja no Brasil, o terceiro ano vocacional, convidando-nos a refletir e aprofundar o tema “Vocação: Graça e Missão”. O lema “Corações ardentes, pés a caminho” (Cf. Lc 24, 32-33), nos faz recordar a passagem bíblica dos discípulos de Emaús. Na medida em que nos deixamos ser tocados pela graça Divina, o nosso coração arde, e essa experiência, certamente, faz com que os nossos pés se coloquem a caminho, em movimento; a missão é audaciosa e deve ser celebrada com muita alegria: anunciar Jesus Ressuscitado! Esse anúncio, fruto do encontro verdadeiro com o Filho de Deus, enche de esperança e transborda de amor os corações desejosos de reconhecerem o Senhor e Mestre da nossa vida.

A vocação é um mistério que tem sua origem, centro e meta na pessoa de Jesus Cristo. À luz do episódio dos Discípulos de Emaús, apresentado pelo Evangelista São Lucas (24, 13-25), podemos contemplar Jesus: a Palavra viva de Deus que faz arder nosso coração; Jesus que se coloca ao nosso lado no caminho, e Jesus: alegria dos chamados e enviados.

Jesus: Palavra Viva de Deus que faz arder nosso coração. Ao escutar as palavras do ressuscitado, os discípulos de Emaús sentiram arder o coração. Os nossos corações têm que arder, quando encontramos Jesus. Seja Jesus na Palavra, seja Jesus nos pobres e humildes, seja Jesus na Eucaristia que é “fonte inesgotável da vocação cristã e, ao mesmo tempo, fonte inextinguível do impulso missionário. Ali, o Espírito Santo fortalece a identidade do discípulo e desperta nele a decidida vontade de anunciar com audácia aos demais o que tem escutado e vivido” (DAp 251). Coração ardente sabe pulsar na direção da fidelidade do seguimento a Jesus; imita todas as suas atitudes e, por isso, não encontra espaço para o ódio e divisão. A palavra de Jesus que faz arder nosso coração, também nos envia em missão, e ao longo dessa jornada, Cristo não nos abandona, pelo contrário, se coloca sempre ao nosso lado.

Jesus que se coloca ao nosso lado no caminho. Não são poucas as vezes em que o nosso coração se sente interrogado pela dura realidade que vivemos. Perdidos, desesperançados e sem forças, pode parecer que a missão, por nós assumida, vai ruir, cair por terra. Mas, ao contemplarmos a presença viva do Ressuscitado, que caminha ao nosso lado, como fizera com os discípulos de Emaús, tudo muda, e somos tomados por uma força que supera todo desânimo ou desalento. Impulsionados por essa presença de Cristo que caminha conosco, nas estradas da vida, assumimos com todo ardor nossa vocação de discípulos missionários, como nos ensina a Evangelli Gaudium: “cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus; não digamos mais que somos “discípulos” e “missionários”, mas sempre que somos “discípulos missionários”. Se não estivermos convencidos disto, olhemos para os primeiros discípulos, que logo depois de terem conhecido o olhar de Jesus, saíram proclamando cheios de alegria: “Encontramos o Messias.” (Jo 1, 41) (EG 120). Ter a certeza de Jesus ao nosso lado conserva em nosso coração o mais puro desejo de servi-Lo com disponibilidade generosa. É uma graça e uma alegria sermos chamados e enviados.

Jesus: alegria dos chamados e enviados. Do encontro com Jesus, brota em nosso coração uma alegria inexplicável. É normal que aquele que sente o chamado do Senhor tenha medo, até mesmo queira recuar, entretanto, quando nos lançamos nos braços de Jesus e nos deixamos ser guiados por Ele, esse medo logo é dissipado e, por sua vez, nosso coração é tomado por uma autêntica alegria experimentada nas coisas mais simples do cotidiano. Sabemos que a tristeza é uma realidade experimentada pelo ser humano, as dificuldades são muitas; mas, também, é verdade que devemos permitir que Aquele quem chama nos dará as condições de permanecermos firmes em meios às angústias, até que a paz volte a reinar. Os discípulos de Emaús tomados de tristeza, por força de Jesus, não se entregaram totalmente ao desânimo; abrindo os olhos, tocados por Cristo, ao partir do pão, são transformados em anunciadores da Palavra. Não se sentem mais desamparados, mas sabem que Jesus, fonte de toda alegria, caminha com eles. Encantados por este encontro com Cristo, em alegre saída missionária, anunciarão a todos a verdade que dá sentido à nossa existência: Jesus está vivo, Ele ressuscitou! Não há alegria maior!

Que o terceiro ano vocacional do Brasil nos desperte para uma Igreja toda ela vocacionada. Todos somos chamados a assumirmos a missão de promotores vocacionais. A promoção vocacional terá êxito positivo, se compreendermos que precisamos ser protagonistas de uma cultura vocacional atual e dinamizada. Mas, só alcançaremos esse objetivo, se nossos olhos se abrirem, a fim de que nosso coração arda, e os pés se coloquem a caminho.