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10.11.2014

Papa João Paulo II foi figura influente para a derrocada do Muro de Berlim.



No último domingo, 09, foi relembrada a queda do Muro de Berlim, ocorrida no dia 09 de novembro de 1989.

Também conhecido como “Muro da Vergonha”, o Muro de Berlim possuía 156 km de extensão e dividia a Alemanha em duas partes: Ocidental e oriental.

Com o final da II Guerra Mundial, vencida pelos aliados, o mundo ficou configurado pela polarização das potências URSS, socialista, e E.U.A, capitalista. Em 1961 o Muro de Berlim foi construído e materializou aos olhos do mundo a divisão; de um lado a Alemanha Ocidental, capitalista, e do outro a Alemanha Oriental, socialista.

Além da separação territorial, o Muro de Berlim foi responsável por dividir famílias inteiras, pois não era permitida a passagem de nenhum cidadão de um lado para o outro.

Com o fim da Guerra Fria, entre URSS e E.U.A, e a aparente derrota do socialismo, o Muro de Berlim foi derrubado. O Papa João Paulo II foi um dos responsáveis pelo fato histórico, exatamente por esta razão o site da Rádio Vaticano entrevistou o Cardeal Jean-Louis, que em 1989 era subsecretário das Relações com os Estados, para falar sobre as contribuições de João Paulo II. Confira a entrevista:

Cardeal Jean-Louis Tauran:- "João Paulo II dizia sempre que o sistema comunista era internamente minado e que mais cedo ou mais tarde haveria de cair. Mas ninguém jamais teria pensado que isto aconteceria em tão pouco tempo e, sobretudo, sem um banho de sangue. Praticamente, não houve vítimas... Em 1978, a sua eleição havia provocado desconcerto: de fato, com o arcebispo de Cracóvia eleito Papa o sistema não funcionava mais. Dez anos depois, quem jamais poderia imaginar que com aquelas palavras – "Não tenhais medo: a verdade vencerá!" – o Muro cairia... Contudo, creio que esta evolução tenha sido introduzida com a atmosfera dos Acordos de Helsinque e depois com a ação de dois homens, protagonistas da história: João Paulo II e Mikhail Gorbatchov, estes três elementos juntos."

RV: Um mês após a queda do Muro, Mikhail Gorbatchov veio ao Vaticano, em visita a João Paulo II. Obviamente, foi uma visita histórica. Quais são suas recordações daqueles momentos?

Cardeal Jean-Louis Tauran:- "Recordo muito bem aquilo que dizia o Papa: Gorbatchov é um homem do mundo soviético que raciocina em termos modernos."

RV: E em relação à preparação da visita, havia uma atmosfera particular, uma grande expectativa?

Cardeal Jean-Louis Tauran:- "Durante um mês inteiro o Papa preparou esta visita lendo uma passagem do Novo Testamento em russo. Quando se encontraram, um falava em polonês, o outro em russo, e se entenderam muito bem..."
RV: O senhor recorda algo que o tenha impressionado de modo particular naquele momento que ensaiava desdobramentos históricos?

Cardeal Jean-Louis Tauran:- "Recordo-me, por ocasião da Conferência para a segurança e a cooperação na Europa – da qual participava como representante da Santa Sé –, ter falado com alguns diplomatas soviéticos. O ponto crucial foi aquele dia, no mês de maio, em que o Patriarca Pimen concedeu uma entrevista que depois apareceu na primeira página do "Pravda" (jornal principal da União Soviética, ndr). Naquele momento entendemos que as coisas estavam mudando."

RV: Quais recordações traz consigo dos anos Oitenta, daquela época da queda de um bloco, quando o senhor se encontrava na diplomacia vaticana?

Cardeal Jean-Louis Tauran:- "Recordo a imensa coragem de bispos e sacerdotes, detidos, torturados... Foi comovente para mim. Creio que cada século tem seus mártires. Creio também que a maior ilusão que se poderia ter era pensar que se pudesse ter um "cristianismo de moda", que agradasse a todos... a Cruz de Cristo é um desafio para todos, desafio que a Cruz de Cristo nos torna sempre presente."

Entrevista publicada pelo site Rádio Vaticano.

 

 

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