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17.09.2021

DICAS DE HOMILIA - 25º Domingo do Tempo Comum

A Incompreensão dos discípulos - No pobre a Presença do Senhor - O Serviço aos irmãos


(Sb 2,12.17-20 / Sl 53 / Tg 3,16-4,3 / Mc 9,30-37)

A Incompreensão dos discípulos - No pobre a Presença do Senhor - O Serviço aos irmãos

A liturgia desse Vigésimo Quinto Domingo do Tempo Comum, de modo semelhante ao domingo passado, traz no Evangelho alguns pontos muito importantes no Caminho do Discipulado Missionário. Apesar de toda a atenção e cuidado do Senhor para com os seus discípulos, eles ainda apresentam grande dificuldade de compreenderem a proposta de Jesus. O próprio Senhor os convida a Reconhecer a sua presença em todos os irmãos e irmãs, principalmente nos que mais precisam. A fim de que, imbuídos do amor compassivo de Cristo, possam se tornar sinais do Amor Divino, por meio do serviço solidário e compassivo.

O texto do Evangelho relata o caminho de Jesus com os seus discípulos, enquanto atravessavam a Galileia, região significativa, na qual o Senhor se manifestou e chamou os seus discípulos ao seguimento. No caminho, Jesus procura introduzi-los no mistério de sua morte e ressurreição, comunicando-lhes o caminho que estava seguindo e as consequências do mesmo. Todavia, apesar de todo o caminho trilhado com o Mestre, os discípulos ainda eram capazes de uma incompreensão mais aprofundada do mistério pascal de Cristo. Tal incompreensão é indicada pelo autor do Evangelho ao afirmar que os discípulos não compreendiam e tinham medo de perguntar. De fato, a incompreensão dos discípulos é parte do limite humano, manifestando o quanto eles ainda precisavam amadurecer a sua Fé. Assim como o surdo mudo do Evangelho do domingo anterior, os discípulos do Senhor ainda tinham grande dificuldade de acolher a Palavra do Mestre e deixarem-se formar por Ela. Algo que fez com que muitos deles se perdessem pelo caminho, apesar de todo o esforço do Mestre em mantê-los junto de Si. A sua dificuldade estava no fato de não aceitarem que o Senhor Todo Poderoso pudesse desejar se revelar na fraqueza e derrota da cruz, algo que, para eles parecia inaceitável. Tal postura impedia que pudessem compreender a estrada que o Senhor escolhera para entrar na história da humanidade, isto é, a do serviço e, principalmente, do amor solidário e compassivo. Sendo assim, somente por meio de uma abertura à Palavra, à exemplo do homem surdo, curado por Jesus, é que os seus discípulos poderiam deixar-se formar, verdadeiramente, no Caminho do Discipulado Missionário. Todavia, essa é a única estrada possível para a formação de um verdadeiro discípulo, aquele que faz da sua vida um sinal da Cruz de Cristo que abraçou. Isto é, tornando-se um claro sinal do Amor do Senhor, superando a incompreensão, própria dos que se fecham à Palavra. A fim de se tornarem verdadeiros anunciadores do Evangelho, com a vida e, principalmente, com o serviço aos mais pobres.

Na cruz do Senhor se encontra a salvação de toda a humanidade, pois por amor Ele se entrega e manifesta a grande misericórdia do Pai. Sendo assim, ao apresentar o seu caminho até o Calvário e Cruz, o Senhor já indicava aos seus discípulos a estrada do amor de Deus nesse mundo. No Evangelho, Jesus afirma que quem acolhe uma criança a Ele acolhe, tal afirmação está baseada no fato de que as crianças no tempo de Jesus não eram reconhecidas. De fato, o olhar do Senhor estava sobre elas, mas, a afirmação deve ser ampliada na direção de todos aqueles que não eram reconhecidos pela sociedade, principalmente os pobres e excluídos. Sendo assim, a afirmação de Jesus indica que quem acolhe um necessitado é a Ele que está acolhendo. De fato, Ele se encontra nos pobres e necessitados, naqueles que sofrem nas estradas do mundo, naqueles que estão vagando sem alguém que os veja e se coloque ao lado, isto é, torne-se próximo. Nesse caso, o mistério pascal comunicado aos discípulos no início do Evangelho deve iluminar o modo como os mesmos vivem a sua Fé. De modo que, ao contemplarem o Cristo pregado na cruz, possam contemplar aqueles que ainda sofrem hoje em dia, são excluídos e marginalizados, sofrem a dor do preconceito e da discriminação. Sendo assim, o que o Senhor propõe aos seus discípulos é que eles o sigam e o encontrem nos homens e mulheres, marcados pelas dores desse mundo. Desse modo, ao reconhecerem a presença do Senhor nos pequenos e pobres, os discípulos seriam capazes de se tornarem a revelação da presença de Deus, junto aos seus filhos e filhas, um sinal de seu cuidado e amor de Pai.

No caminho de Jesus com os seus discípulos, apresentado no Evangelho, percebe-se que a incompreensão dos mesmos os leva a discutirem sobre valores contrários aos do Evangelho. De fato, apesar do Senhor lhes ter apresentado o caminho do seguimento até à cruz, eles ainda preferiam as glórias do mundo. Ao discutirem sobre quem seria o maior entre eles reafirmam a lógica do mundo, marcada pela exclusão dos pequenos e pelo descuido para com os que mais precisam. A resposta de Jesus à postura dos discípulos é direta e clara, fazendo com que o valor do serviço seja colocado em total evidência. Ao afirmar a prioridade do serviço aos irmãos, o Senhor indica um caminho necessário a ser trilhado por todos os que desejam segui-lo como seus discípulos missionários. De fato, a palavra serviço, somada à imagem do servo evocam os servidores do Evangelho, isto é os diáconos. Não somente os ministros ordenados, mas, todos os que serviam na pregação da Palavra e sobretudo, no serviço aos mais pobres. Sendo assim, o serviço aos mais pobres é colocado como condição necessária para que seja reconhecido o discípulo do Senhor, aquele que o segue na fidelidade do dia a dia. Tal postura afirma a lógica do Evangelho, que está baseada nos valores da oblação e da entrega, de uma vida doada e da partilha. Na vivência de um amor renovado e da solidariedade com os que sofrem, um amor que se abaixa para atingir e alcançar os que estão humilhados no caminho da vida. Por isso, os verdadeiros discípulos missionários são direcionados pelo amor que a cruz manifesta, um amor que sabe acolher e respeitar, levantar o caído e ajudá-lo a caminhar, sustentar os fracos e defender a vida dos que se encontram em situação de risco. Desse modo, aquele que deseja seguir ao Senhor, no caminho do discipulado, deve fazer uma constante reflexão de vida, a fim de que abrace e persevere na prática dos verdadeiros valores da acolhida e do serviço, principalmente junto aos empobrecidos e excluídos da sociedade. 

Que a liturgia desse Vigésimo Quinto Domingo do Tempo Comum desperte a todos para uma profunda reflexão sobre o modo como se professa e vive a Fé no dia a dia. Que todos ao serem tocados e mergulhados no amor de Deus manifestado na cruz de Cristo, sintam-se chamados a se tornarem sinais desse amor junto aos irmãos e irmãs. De modo que o serviço gratuito e comprometido seja a luz a iluminar os passos de todas as Comunidades Eclesiais de Base e os seus membros. A fim de que a Igreja, como uma comunidade de discípulos em saída pelas estradas do mundo, seja cada vez mais solidária e compassiva, atenta aos filhos e filhas de Deus que ainda se encontram caídos e necessitados.

Pe. Andherson Franklin Lustoza de Souza

 

 

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