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24.11.2021

DICAS DE HOMILIA - 1º Domingo do Advento

Levantai-vos, erguei a cabeça - O Senhor é nossa Justiça - Que transborde o Amor


(Jr 33,14-16 / Sl 24 / 1Ts 3,12-4,2 / Lc 21,25-28.34-36)

Levantai-vos, erguei a cabeça - O Senhor é nossa Justiça - Que transborde o Amor

Com a conclusão do Ano Litúrgico, celebrada na Solenidade de Cristo Rei, abre-se um Novo Ano Litúrgico, que terá inicio com Período do Advento, um tempo fecundo e propício de preparação para a Celebração do Natal do Senhor. Um período que é marcado por uma nova espera que deve ser vivido na esperança da chegada do Salvador, algo que será proposto nos próximos Domingos até o Natal. Esse novo Ano Litúrgico será iluminado pelo Evangelho de Lucas, que propõe, de maneira especial, a esperança como algo que deve iluminar a vida e o caminho dos discípulos missionários de Jesus Cristo. Ele apresenta o Caminho da Palavra de Deus, seja no Evangelho quanto no Livros dos Atos dos Apóstolos, desde as terras da Galileia, passando pela Judeia, de maneira especial na cidade de Jerusalém, até chegar à grande cidade de Roma.

A Liturgia desse Primeiro Domingo do Advento é iluminada pela Palavra de Esperança e Coragem de Jesus, dirigida aos seus discípulos de todos os tempos: "Levantai-vos, erguei a cabeça". Algo que é confirmado pela Primeira Leitura, do profeta Jeremias, ao chamar à atenção dos filhos de Israel, para a presença do Senhor e de sua Justiça, no meio do povo. Viver segundo a Justiça significa, sobretudo, viver nos caminhos do Senhor, algo que a Segunda Leitura afirma ao convidar os irmãos a crescerem no amor mútuo, sinal da presença de Deus na Comunidade de Fé.

O Evangelho de Lucas, proclamado no Domingo, traz a descrição dos acontecimentos numa perspectiva apocalíptica, isto é, seguindo uma forma de entender o mundo em suas mudanças mais profundas. De certo, que Jesus não fala do "fim do mundo", como costumeiramente se pensa, já que, suas Palavras, não são de destruição, mas cheias de Esperança. De fato, o Evangelho de Lucas propõe a Libertação e Salvação como suas chaves de leitura, ou seja, é possível compreender o Evangelho a partir desses dois aspectos. Sendo assim, Os sinais descritos no início do texto Litúrgico, não devem comunicar o medo ou a incerteza, ao contrário, devem provocar um olhar cheio de Esperança e trazer a Coragem aos corações. De fato, o evangelista Lucas faz sempre um discurso sobre o olhar da Esperança, procurando comunicar aos seus leitores o desejo de Deus para os seus filhos e filhas, chamados a seguir Jesus Cristo. Ele encoraja e estimula, a fim de que o cristão tenha a sua vida firmada sobre a Esperança e não sobre o medo e incertezas. Desse modo, quando Jesus dirige a sua Palavra aos discípulos e os convida a Levantarem-se e erguerem as cabeças, Ele os convida a olharem o horizonte à sua frente com os olhos cheios de Esperança e Fé. Pois, a Esperança cristã não é um otimismo somente, uma expectativa de tempos melhores, ela é muito mais do que isso, pois está fundada nas promessas divinas. Sim, somente aquele que faz uma experiência profunda com o Senhor que nunca falha é capaz de manter viva a sua Esperança e a sua Coragem, mesmo diante das dificuldades do caminho. Tal Esperança deve ser nutrida e mantida, pois somente uma coisa pode fazer com que o discípulo a perca, isto é, deixar de estar vigilante sobre si mesmo, sobre a sua consciência. De fato, as preocupações da vida, as questões cotidianas, bem como, tudo o que pode afastar os corações dos homens de Deus pode corromper as consciências. Tudo isso pode fazer com que o homem fique mais voltado para si, abaixando a sua cabeça e perdendo o horizonte maior do desejo e do projeto divino para a humanidade. Por isso, Jesus convida os seus a manterem-se vigilantes e sempre em oração, a fim de estarem de pé, isto é, na espera Daquele que vem. Sendo assim, o convite de Jesus a manter firme a Esperança e a Coragem, deve ser acolhido e vivido, por meio da vigilância e da oração constantes. De modo que os corações estejam em sintonia com os desejos de Deus e vivendo segundo a sua Justiça e o mandamento do Amor, algo que nunca deve faltar na Comunidade dos discípulos missionários. Uma afirmação de Jesus, cheia de Esperança e portadora de Coragem, direcionada aos seus discípulos e discípulas.   

O profeta Jeremias, na Primeira Leitura, comunica aos filhos e filhas de Israel uma palavra cheia de Esperança e vigor, ao afirmar: "O Senhor é nossa Justiça". O contexto da Leitura é de grande desolação e destruição, pois diante do profeta está a cidade de Jerusalém arrasada ao solo, marcada pela maldade e morte. Diante de todo o afastamento do povo, o Senhor esconde a Sua face e o povo vivencia momentos de grande dor e sofrimento, de maneira especial, com a invasão e assalto dos Babilônicos. De fato, o texto da Leitura indica o Exílio da Babilônia como algo que deveria acontecer, mas, também indica que não seria a última palavra na vida do povo.

As Palavras do profeta comunicam a firme Esperança da manifestação do Senhor em meio ao seu povo, sinal claro do cuidado e misericórdia divinos. Em muitos momentos da história do povo de Israel, diante de suas infidelidades e de seus pecados, a ira de Deus se manifesta e os profetas indicam o caminho da conversão e retorno ao Senhor. De fato, o castigo de Deus nunca é a última palavra, mesmo diante dos descaminhos do seu povo, muitas vezes infiel. No lugar do castigo, a palavra da misericórdia sempre está presente, no lugar da ira, sempre encontra-se o abraço amoroso de Deus. Desse modo, a primeira e última palavra de Deus para o seu povo eleito é o seu Amor Misericordioso, sempre fiel e firme, capaz de perdoar e acolher, pois deseja ensinar aos seus filhos o caminho da vida. Com essa luz é mais fácil compreender o que nos diz o profeta na Primeira Leitura, ao afirmar que novos dias virão, nos quais o Senhor se manifestará na cidade Santa e em toda a terra a sua Justiça. O texto fala de uma semente de Justiça, não uma árvore frondosa e cheia de frutos, mas algo pequeno que deve ser cuidado e protegido. De fato, a imagem indica que a Justiça de Deus, que nada mais é do que o seu desejo para os seus filhos e filhas, o seu projeto de vida plena e digna para todos, brotará pouco a pouco, assim como a planta que começa a despontar da terra e cresce. Algo que se torna ainda mais maravilhoso, quando o profeta diz dessa semente plantada num terreno tão árido e seco, quanto as terras de Israel, comparadas somente aos sertões do Brasil. Sendo assim, a imagem comunica também uma grande Esperança, capaz de sustentar os filhos e filhas de Israel em seu caminho. Bem como, chama a todo o povo à um grande compromisso com a proclamação e vivência da Justiça de Deus, no desejo de fazer acontecer, na história, o projeto de Amor de Deus para todos.

Assim como, com as chuvas as sementes brotam e crescem, também com o compromisso dos cristãos, chamados a serem discípulos de Cristo, a Justiça e o Amor de Deus podem marcar a história, crescendo e se espalhando por todos os lugares. Na Segunda Leitura, o apóstolo Paulo, convida aos irmãos Tessalonicenses a transbordarem no amor mútuo, sinal claro da presença do Senhor em suas vidas. De fato, somente unidos ao Senhor, alimentados por Sua Palavra que os discípulos missionários de hoje serão capazes de manterem viva a Esperança de tempos novos, de maneira especial, pela vivência do Amor. A exortação de Paulo deve ser compreendida no caminho do seguimento, do discipulado missionário, onde o próprio Senhor Jesus convida os seus discípulos a avançarem para águas mais profundas. Um caminho de compromisso com o grande sinal do Reino, do mundo novo, marcado pela presença e Justiça de Deus que é Amor. Uma atitude de vida que deve marcar todos os que encontram-se com o Senhor e desejam fazer de suas vidas um sinal de Sua presença, principalmente juntos aos que mais precisam. Progredir nesse caminho significa ter bem viva o apelo do Evangelho e ter os olhos fixos e cheio de Esperança no Senhor. Fazendo de seu projeto de Amor e Justiça um caminho a ser trilhado todos os dias, a fim de que um mundo novo surja, como sementes plantadas no chão da história.

Que a Liturgia desse Primeiro Domingo do Advento desperte os corações para uma sincera preparação para a celebração do Natal do Senhor. A fim de que todos mantenham os olhos fixos na direção Daquele que lhes chamou a Fé e à vivência do Amor fraterno. De modo que se apresse o Reino de Deus, Reino de Justiça e Santidade, de Amor e Fraternidade, lugar onde todos têm vida plena e digna. Que o Senhor ajude a todos a se prepararem bem nesse período de Advento, a fim de que todas as cidades se tornem uma nova Belém e os corações sejam verdadeiras manjedouras para acolherem o Salvador que vem no Natal.                                 

Pe. Andherson Franklin Lustoza de Souza

 

 

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