Artigo

Seminarista Luan Motta

TEMPO DE RENOVAR A FÉ

Por Seminarista Luan Motta

 

Estamos passando por mais um marco histórico na vida da humanidade que já enfrentou várias pandemias como da Gripe Espanhola em 1918. E agora no ano de 2020 a pandemia do novo Coronavírus, um momento que nos traz tristeza diante de tantas mortes e também de incertezas quanto ao futuro econômico, social e de volta à uma nova normalidade. Diante disso, como manter viva a chama da nossa fé?

 

Como sabemos, o tempo litúrgico sempre é fonte de forte espiritualidade na Igreja, bebemos da Liturgia, que é o próprio Cristo atuando ainda hoje em nosso meio. É importante notar que toda essa situação que estamos vivendo iniciou-se no tempo da Quaresma, e um ponto positivo é que muitos começaram a redescobrir o valor da oração em família, já que as igrejas estavam fechadas, fazendo de suas casas uma verdadeira igreja doméstica, cultivando também a vida fraterna, o diálogo e a comunhão. Isso é bonito de se ver. Depois vivenciamos a Semana Santa, de maneira diferente, também em família e depois o Tempo Pascal, Jesus Ressuscitado vencedor da morte. O que extrair disso? Ora, fica aqui claro um ponto para renovação da nossa fé de que após a Cruz, vem a Ressureição. Este momento de Cruz não é fácil, sabemos disso, como o próprio Papa Francisco afirmou na mensagem Urbi et Orbi, de 27 de março de 2020, no momento de oração extraordinário em tempo de pandemia: “Abraçar a sua cruz significa encontrar a coragem de abraçar todas as contrariedades da hora atual, abandonando por um momento a nossa ânsia de onipotência e possessão, para dar espaço à criatividade que só o Espírito é capaz de suscitar.”

 

Outro ponto que podemos citar e reconhecer é o da solidariedade. Paróquias, instituições de caridade, pessoas anônimas que se colocam à disposição daqueles que estão passando por alguma necessidade. Esses que assim agem entenderam o grande sentido da Celebração da Eucaristia, que não pode ser entendida somente como a fração do pão eucarístico, mas que nos interpela à partilha e ao lava–pés, pois na própria instituição desse sacramento Jesus nos deixa um mandamento: “Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros”. (cf. Jo, 13, 14). É tempo de reconhecer o próprio Jesus naquele irmão ou irmã que vem até nós pedindo o que comer, o que beber, o que vestir ou procurando alguém que possa ouvi-lo na sua solidão e abaixar-nos para lavar os seus pés, na humildade e na gratuidade evangélica.

 

Aproveitemos esse tempo de pandemia para desenvolvermos um olhar de esperança, de sensibilidade, de fraternidade. Se assim procedemos é sinal que o nosso coração e nossas ações estão de acordo com o Evangelho, colocando acima de tudo o valor da vida. Façamos também do atual momento um tempo de decisão, de limpeza, jogando fora hábitos e escolhas desnecessárias, abraçando aquilo que nos leva à Deus e aos irmãos. Purifiquemos a nossa fé que não é e não pode ser sentimentalismo, mas compromisso. Levemos no coração o que nos disse o Papa Francisco: “A oração e o serviço silencioso: são as nossas armas vencedoras.”