Artigo

Daniel Antunes de Souza (Seminarista Propedeuta – Bom Pastor)

Quaresma: tempo de reflexão de vida e de decisão

Por Daniel Antunes de Souza (Seminarista Propedeuta – Bom Pastor)

 

Convertei-vos a mim de todo o coração...dilacerai o coração e não as vestes...” (Jl2, 12-13)

 

No período Quaresmal, a Igreja convida todo o povo de Deus a uma reflexão de vida, na qual se assume o compromisso de conversão pessoal para uma abertura aos horizontes da Graça, na qual se propõe um caminho de quarenta dias, com a vivência de três principais eixos  ̶  oração, jejum e esmola  ̶  para que a escravidão dos vícios e do egoísmo não reine, mas que, de fato na liberdade, viva-se a vontade de Deus. Em caminho não de desolação, mas de alegria rumo à Páscoa do Senhor, pois é o próprio Jesus quem diz: “Eu vim para que todos tenham vida, e que todos a tenham em abundância” (Jo 10,10).

O Papa Bento XVI, em uma de suas homilias na Quarta-Feira de Cinzas, auxilia o cristão a vivenciar bem esse tempo, dizendo que é necessário voltar o olhar para o mais íntimo do ser, reconhecendo-se necessitado de Deus para perceber seu amor gratuito. Amor de quem ama sem impor condições e que está sempre disposto a perdoar.

O movimento de resposta a esse amor deve ser buscar a conversão de todo coração, com ajuda dos três pilares propostos pela igreja: a oração, que é se colocar na presença de Deus, com olhar voltado pra Deus e para si mesmo; o jejum, que barra a vontade própria, na luta contra os instintos e desejos desordenados; e a esmola, que é a saída de si mesmo para ajudar o próximo.

É preciso, então, não resumir os pilares somente aos quarenta dias, mas estar sempre aberto para deixar Deus trabalhar e mostrar o que de fato precisa ser melhorado ao longo do caminho, na vida. Esse itinerário dos quarentas dias é o tempo propício e favorável proposto pela Igreja para a reflexão de que o tempo passa rápido e que, por isso, é preciso ter propósito e decisão com vistas a uma vida ordenada. Portanto, o propósito do Tempo Quaresmal é  tocar as trombetas como um despertar para a conversão.

O período Quaresmal vivido com determinação ajuda o cristão a enxergar os excessos, entulhos que precisam ser removidos para que se possa preencher o vazio que somente Deus é capaz de preencher. Como disse Santo Agostinho: “Fizeste-nos, Senhor, para Ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti” (Confissões, I, 1, 1). Um amor que não cabe somente em nós e que, por isso, deve transbordar e ir ao encontro dos irmãos.

Caminhemos, pois, com alegria. Em Deus podemos ter esperança, porque Ele enviou seu Filho Unigênito, que foi até o extremo, morrendo na cruz pela nossa salvação e remissão dos nossos pecados, e nos enviou o Espírito Santo para nos fortalecer na caminhada enquanto cristãos. Como filhos amados de Deus, somos chamados e impulsionados a testemunhar o seu amor até os confins do mundo.