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Raphael Linhares Oliveira (Seminarista Propedeuta - Bom Pastor)

Quaresma: tempo de decisão e de coragem

Por Raphael Linhares Oliveira (Seminarista Propedeuta - Bom Pastor)

 

“Pois não foi um espírito de timidez que Deus nos deu: foi um espírito de coragem, de amor e de autodomínio” (2 Timóteo 1,7).

 

A Santa Igreja propõe que o tempo da Quaresma seja de conversão e de tomada de decisão, mudança de vida, abandono do pecado, de si mesmo, além de ser tempo propício para se ter coragem de ser perseverante na vida de fé, esperança e caridade, seguindo o exemplo de São Paulo na busca constante pela conversão, como exercício diário, bem como na profunda união com Cristo, como disse Papa Bento XVI, em sua homilia de Abertura da Quaresma, em 2009.

O tema predominante em sua homilia foi a conversão, no sentido de  como o cristão deve viver esse período com decisão e coragem e ouvir o convite de Deus à mudança de vida  na busca de sua reconciliação com o Pai, que perdoa todas as faltas se O procurarmos com profundo arrependimento de coração. O cristão deve pedir, dessa forma, a graça de Deus para reconhecer suas faltas e lutar contra os pecados que nos tentam constantemente. 

Assim, o Romano Pontífice citou o exemplo de São Paulo, que  fala, na segunda carta aos coríntios: “Suplicamos-vos, pois, em nome de Cristo: Reconciliai-vos com Deus” (5, 20), porque, se não há um pedido de contrição, se não há uma luta constante contra o pecado, não há como Deus derramar suas graças sobre o penitente. Mas é preciso lutar e ter aversão ao mal e aos seus prazeres, como o catecismo diz: “ A contrição consiste numa dor da alma e na detestação do pecado cometido, com a resolução de não mais pecar no futuro” (Cf. CIC p° 1451), visto que a contrição só nasce de um coração profundamente arrependido.

Enquanto permanece nessa luta contra o pecado, o cristão deve entregar sua batalha para Jesus, a fim de se manter firme na luta contra o mal. Sobre isso, Santa Teresinha do Menino Jesus diz o seguinte: “Só nos resta combater. Quando não temos força para isso, então é Jesus quem combate por nós” (Cartas de Santa Teresinha, Carta n.º 57). E o santo padre ainda apontou, em sua homilia, três “armas” que ajudam o cristão nessa batalha: a oração, o jejum e a esmola. Acrescentou, ainda, que, com essas três armas, temos a força necessária para vencer o mal. E, ao término dessa luta, Deus vem ao encontro do coração arrependido e o inunda com sua graça e inflama, no coração do cristão, o desejo de união para com o Pai em Jesus Cristo.

Desse inflamar de Deus, o cristão é impulsionado a ser testemunha de Cristo, “Sede meus imitadores, irmãos, como eu sou de Cristo”  (1Cor 11,1), e a ir ao encontro do próximo, principalmente dos pobres e excluídos.

Queridos irmãos e irmãs, que neste período quaresmal sejamos movidos a buscar o Senhor, a lutar verdadeiramente contra o pecado, para permitirmos ser preenchidos da graça de Deus para sermos testemunhas de seu amor. A exemplo de São Paulo, busquemos  viver a nossa fé movidos pela oração, pelo jejum e pela esmola, para que sejamos perfeitos imitadores de Cristo.