Artigo

Alef Marvila Fernandes (Seminarista Propedeuta - Bom Pastor)

Quaresma: tempo em que o deserto vira amor

Por Alef Marvila Fernandes (Seminarista Propedeuta - Bom Pastor)

 

“Através do deserto, Deus guia-nos para a liberdade” (Papa Francisco, 2024).

 

Neste tempo quaresmal, em que a palavra de Deus é fortemente voltada para o jejum, esmola e oração, o Papa Francisco enviou uma mensagem anunciando que a Quaresma é tempo de graça, e que o deserto volta a ser – como anuncia o profeta Oseias – o lugar do primeiro amor (cf. Os 2, 16-17). Segundo o pontífice, é tempo de agir, e agir é também parar: parar em oração; parar para acolher a Palavra de Deus; e parar, como o Samaritano, em presença diante do irmão ferido (cf. Lc 10, 25-37).

O texto de Francisco traz uma essência missionária, caritativa e mostra a importância de ter cuidado com aqueles que são excluídos e oprimidos na sociedade. No primeiro parágrafo da mensagem, o Sumo Pontífice cita a passagem do livro do Êxodo, quando o povo de Israel tinha dentro de si o Egito, ou seja, os vínculos de opressão, quando lamentavam a falta do passado e murmuravam contra o céu e contra Moisés.

“Acolhamos a Quaresma como o tempo forte em que a sua Palavra nos é novamente dirigida”. O papa, nessa fala, convida seu povo a exercer a fé em Cristo nesse tempo litúrgico de conversão e desertificação, pois o deserto é o local propício para que a fé seja amadurecida, a fim de proporcionar maior intimidade com Deus. O amor de Deus e o do próximo formam um único amor. Segundo o Evangelista João, “Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (cf, 1Jo 4, 8).

A mensagem do Santo Padre entra em consonância com a Campanha da Fraternidade 2024. Inspirado na Carta Encíclica Fratelli Tutti, que apresenta o tema Fraternidade e Amizade Social, neste tempo de conversão e de liberdade, Francisco cita a importância de combater a cultura da indiferença para com aqueles mais oprimidos e marginalizados. A opressão sofrida por muitos irmãos e irmãs em seus gritos, muitas vezes não ouvidos. Na presença de Deus todos são seus filhos, sem qualquer distinção.

Por fim, envolvidos no imenso amor da Santíssima Trindade, façamos desta quaresma um profundo retiro espiritual, no qual os nossos corações sejam tocados pela bondade e compaixão que o período nos proporciona. Dessa maneira, como filhos amados de Deus, tenhamos um olhar caridoso e compassivo para com os nossos irmãos e irmãs que mais necessitam de nossa ajuda. A exemplo da Virgem Maria, modelo de fé, trilhemos esse caminho quaresmal rumo à verdadeira conversão.