“Falou-lhes outra vez Jesus: Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8, 12).

A Santa igreja celebra, após a Paixão de Cristo, a vigília pascal, momento em que se espera ansiosamente a ressureição de Jesus. A celebração é marcada por sua liturgia, na qual se apresentam nove leituras, bem como o acendimento do círio pascal. Ambos retratam, respectivamente, a história de Deus com a humanidade, que vai desde a criação do mundo até a ressureição do Senhor. Momento em que a luz, que é o próprio Cristo, surge em meio às trevas.

As nove leituras, presentes na vigília, trazem, de forma profunda, a relação amorosa de Deus com o homem, ser vivo criado a sua imagem e semelhança, e recordar essa criação neste momento é reconhecer a grandeza e a infinita misericórdia de Deus. Quando se pensa na criação do homem, muitos imaginam um erro causado pela fraqueza humana que, por falta de obediência, expulsou-os do Éden. Entretanto, levando em consideração que Deus é onisciente, ou seja, possui perfeito e pleno conhecimento de todas as coisas, é possível entender que Ele já havia previsto tudo que iria acontecer com os seres humanos.

Mergulhando ainda mais fundo nesse mistério de amor, percebe-se que Deus, mesmo sabendo o que viria a acontecer, ainda quis continuar com o plano de criação do ser humano. E, de forma sobrenatural, esse amor vai ainda mais além, para redimir a criatura humana que havia sido afastada do criador por causa do pecado. Assim, Deus envia seu filho único para comprar “por alto preço” (1Cr 6,20) aqueles que estavam pertencendo ao pecado. Esse preço custou a morte de Jesus na cruz. Para reconquistar o ser humano, Ele vai ao extremo e entrega sua vida para que a humanidade possa novamente pertencer a seu Criador, como Santa Edith Stein disse: “Deus, que é amor, dá-se à criatura que Ele mesmo criou por amor.”

Cristo morreu na cruz para nos revelar que somente Nele podemos depositar nossa esperança. Ele ressuscita no terceiro dia e confirma, assim, o santo mistério pascal. É exatamente esse o motivo do acendimento do círio no sábado santo: Jesus Cristo, como luz que brilha na escuridão, ressuscita dentre os mortos e concede, por meio de sua morte, a salvação a todos. Portanto, como diz São Paulo apóstolo na carta aos Coríntios: “se Cristo não houvesse ressuscitado vã seria nossa fé”. De fato Ele ressuscitou e vive entre nós.

Queridos irmãos e irmãs, com a certeza de que “Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus dentre os mortos, da mesma forma nos ressuscitará com Ele”(2Cr 4,14), entreguemos com fé e amor a nossa vida nas mãos Daquele que tanto fez por nós para que um dia cheguemos à glória de Deus.