Irmã Otília: “O Anjo dos Doentes”

Por: Weliton Bermude Fernandes 

Há pessoas que passam por este mundo como brisa suave, sem alarde, sem vaidade, mas deixando em cada passo uma marca de amor. Irmã Otília foi uma dessas almas raras. Um anjo entre nós, que caminhava pelos corredores da Santa Casa de Misericórdia com o coração repleto de Deus e as mãos estendidas a quem mais precisava.

Nesta segunda-feira, 27 de maio, aos 91 anos, Irmã Maria Joana Otília (Sebastiana Rodrigues Valadão) foi chamada à eternidade. E é difícil escrever essas linhas sem sentir o peso da saudade e a força da gratidão. Cachoeiro de Itapemirim, hoje, chora sua partida, mas também se curva diante de sua missão cumprida com tanto zelo, humildade e entrega.

Filha de Oliveira (MG), onde nasceu em 1933, ela chegou a Cachoeiro ainda jovem, trazendo no peito o sonho simples e puro de servir a Deus servindo os irmãos. Ingressou no Instituto das Irmãs de Jesus na Eucaristia (IJE) em 1960 e, desde então, nunca mais parou de amar, cuidar e acolher. Fez de sua vocação um ato diário de compaixão.

Sua rotina na Santa Casa era marcada por algo que os médicos não prescrevem: presença. Estava lá todos os dias, sem feriados, sem folgas. Ela mesma dizia: *“Para o doente, não existe folga. Quando eu morrer, eu paro.”* E de fato foi assim. Serviu até quando o corpo já não respondia como antes. Nunca se queixava. Sua força vinha do alto.

Como é difícil imaginar os corredores do hospital sem aquele hábito branco, sem o sorriso sereno, sem a oração sussurrada ao pé da cama. Irmã Otília não curava com remédios. Com a presença de Deus, ela curava com o olhar, com o toque, com a fé. Ela transformava dor em esperança. E isso é milagre.

Ela mesma dizia ser simples. Nunca quis homenagens. Pedia apenas orações. Mas não há como calar a cidade que hoje se inclina, emocionada, diante da grandeza da sua pequenez.

O Colégio Cristo Rei, onde viveu por mais de 60 anos, as irmãs do Instituto IJE, os profissionais da Santa Casa, os pacientes, as famílias… todos carregam, agora, a lembrança de uma mulher que foi pura luz.

E se agora ela repousa, é porque o céu recebeu uma filha fiel. E nós, que aqui ficamos, seguimos inspirados por seu exemplo, certos de que, onde houver dor, haverá também um chamado a sermos mais como ela: presença viva do amor de Deus.

Obrigada, Irmã Otília, por tudo. Você não foi só uma religiosa. Você foi mãe, foi consolo, foi amiga… foi anjo. E como todo anjo, voltou para casa.

Descanse em paz. Sua missão florescerá eternamente em nós.

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Autor:

Weliton Bermude Fernandes

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