Fé e cuidado com a criação marcam Romaria da Água e da Terra

O último domingo, 19 de outubro, foi de intensa espiritualidade e comunhão na comunidade de Pedra Menina, em Dores do Rio Preto, durante o ponto alto da II Romaria da Água e da Terra, promovida pela Diocese de Cachoeiro de Itapemirim. O evento reuniu centenas de pessoas vindas de diversas paróquias do Sul do Espírito Santo e da Zona da Mata mineira, em um grande testemunho de fé, esperança e compromisso com a preservação da Casa Comum.

A programação começou logo cedo, às 7h, com a chegada dos romeiros à Comunidade de Paraíso (MG). Em clima de oração e alegria, os participantes iniciaram a caminhada rumo a Pedra Menina, levando estandartes com os nomes de rios, nascentes e comunidades rurais, simbolizando o compromisso coletivo com o cuidado das águas e da terra. Durante o percurso, os romeiros viveram momentos de mística, cânticos e partilha, incluindo um café da manhã comunitário, em que cada participante levou sua merenda para dividir com os demais.

Ao chegar ao local do evento, os participantes foram acolhidos em um espaço preparado com tendas, flores e uma bela decoração inspirada na natureza e nos elementos da criação, reforçando o sentido espiritual e ecológico da romaria. Às 9h, teve início a mística de abertura e a motivação pastoral, seguidas das reflexões conduzidas pelo professor Giovanni de Oliveira Garcia (UFES), pelo senhor João Martins e pela professora doutora Tânia Maria Silveira, que abordaram o tema “Ecologia Integral: Terra, Água e Desenvolvimento Sustentável Solidário.”

O momento mais esperado foi a Santa Missa, celebrada às 11h30 pelo bispo diocesano, Dom Luiz Fernando Lisboa, CP, e concelebrada por presbíteros e religiosos das dioceses de Cachoeiro de Itapemirim e de Caratinga (MG), que também marcou presença na romaria deste ano. A celebração, repleta de cânticos, gestos simbólicos e expressões de fé, representou a união das comunidades em torno do cuidado com a criação.

Em sua homilia, Dom Luiz destacou que a Romaria é um convite à conversão ecológica e ao compromisso com a vida:

“Essa romaria é um convite ao cuidado com a criação, com a terra e com a água, dons de Deus que precisam ser protegidos. Valorizamos os agricultores, o homem e a mulher do campo, e queremos sair daqui mais conscientes da responsabilidade de cuidar da nossa Casa Comum.”

Ao final da celebração, Dom Luiz e os demais padres abençoaram as águas, gesto simbólico de renovação e compromisso com a vida. Cada participante pôde levar para casa uma garrafinha com água benta, recordando o chamado a cuidar da criação no dia a dia.

Logo após a missa, foi realizado o fincamento do Cruzeiro às margens de uma nascente, enquanto a chuva caía suavemente sobre os participantes — sinal de bênção e renovação, que tornou o encerramento ainda mais simbólico e espiritual. Uma muda de árvore também foi plantada no local.

O padre Evaldo Praça Ferreira, vigário episcopal para Ação Social, expressou alegria pela força da mobilização e pela comunhão entre as dioceses:

“É uma grande alegria celebrar aqui, no coração do Caparaó Capixaba, esse compromisso de fé e cuidado com a Casa Comum, que é marca da nossa diocese.”

Entre os participantes, o clima era de entusiasmo e gratidão. Júlia Soares Souza, da Paróquia de Tarumirim (MG), que participou pela primeira vez, descreveu a experiência como “maravilhosa”. Já José Maurício Máximo Ferreira, da Arquidiocese de Mariana, destacou que eventos como este “fortalecem a consciência sobre a preservação do meio ambiente e a solidariedade entre os povos.”

A programação da II Romaria da Água e da Terra começou no sábado (18), com momentos de formação, feira de economia solidária e apresentações culturais, preparando o espírito dos fiéis para o grande dia de caminhada e celebração. O encerramento contou ainda com a apresentação do Grupo Cultural Boi Azulão, de Muniz Freire, e um almoço comunitário.

Segundo a Diocese de Cachoeiro, a romaria “deixou uma forte mensagem de fé, gratidão e compromisso com o cuidado da criação, reafirmando o protagonismo das comunidades rurais e o chamado da Igreja a viver o Evangelho em sintonia com a preservação da Casa Comum.”