A Diocese de Cachoeiro de Itapemirim comunicou, com pesar, mas sustentada pela fé na ressurreição, o falecimento da Irmã Maria Teresinha Aparecida Pinto, aos 58 anos, ocorrido no sábado, 20 de dezembro, no Hospital Estadual Central, em Vitória (ES). Religiosa da Congregação das Filhas de Nossa Senhora do Monte Calvário, ela fez a sua Páscoa definitiva após permanecer internada em estado grave, em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), que exigiu cuidados médicos intensivos.

A morte da Irmã Maria Teresinha provocou grande comoção entre fiéis, agentes de pastoral, lideranças e comunidades do Sul do Espírito Santo, especialmente na Paróquia Nossa Senhora da Penha, em Alegre, no Caparaó capixaba, onde residia e desenvolvia intensa e abrangente atividade missionária. Sua trajetória foi marcada por uma vida inteiramente doada ao serviço da Igreja, com especial atenção aos mais simples, às crianças, às famílias e àqueles que buscavam acompanhamento espiritual.

Presença constante e discreta, Irmã Maria Teresinha exercia uma atuação pastoral ampla, tanto nas comunidades urbanas quanto nas rurais da paróquia. Era profundamente ligada às comunidades Santa Luzia e Santa Dulce, onde se destacou pela proximidade com o povo e pelo cuidado cotidiano com a vida comunitária. Nessas localidades, coordenava e animava o projeto social “Criação”, iniciativa voltada especialmente para crianças e adolescentes, que unia evangelização, formação humana e ações práticas de inclusão social.

O projeto envolvia atividades de panificação, bordado, pintura, confecção de lembrancinhas e outros trabalhos manuais, promovendo aprendizado, fortalecimento da autoestima e oportunidades de geração de renda. Mais do que ensinar técnicas, Irmã Teresinha transmitia valores humanos e cristãos, oferecendo às crianças dignidade, acolhimento, perspectivas de futuro e experiências concretas de fé.

Na Comunidade Santa Dulce, seu zelo pastoral era ainda mais evidente. Além de presidir celebrações da Palavra, organizar momentos de adoração e cuidar da liturgia, era responsável pela coordenação das atividades com as crianças, pelo acompanhamento das famílias, pelo incentivo às lideranças locais e pela manutenção da dinâmica pastoral da comunidade. Para muitos fiéis, Irmã Teresinha era referência de presença constante, escuta atenta e serviço silencioso.

Paralelamente ao trabalho comunitário, a religiosa realizava acompanhamentos na direção espiritual, sendo procurada por pessoas que buscavam orientação, discernimento e apoio em momentos decisivos da vida. Também realizava atendimentos terapêuticos utilizando uma técnica corporal próxima à acupuntura, aplicada em órgãos e pontos específicos do corpo humano, sempre associando o cuidado físico à dimensão espiritual e humana.

Além da missão diretamente pastoral, Irmã Maria Teresinha assumiu responsabilidades administrativas relevantes na Paróquia Nossa Senhora da Penha. Foi responsável pelos funcionários da paróquia, atuou na secretaria paroquial — tanto no atendimento cotidiano quanto na cobertura de períodos de férias — e colaborou ativamente com a organização contábil, área em que possuía formação específica. Também prestava auxílio à contabilidade da Pastoral da Saúde, demonstrando atenção aos detalhes e compromisso com a boa administração dos recursos eclesiais.

No âmbito das pastorais específicas, integrou e assessorou a Pastoral dos Educadores e teve atuação marcante na Pastoral da Criança, da qual exercia a função de Coordenadora Paroquial. Seu trabalho era caracterizado pelo incentivo à formação, pela valorização do protagonismo dos leigos e pelo cuidado com cada agente pastoral. Sua liderança se manifestava mais pelo testemunho do que pelas palavras, sempre marcada pela humildade e pela coerência de vida.

Reconhecida pela solidez espiritual e pela clareza teológica, Irmã Teresinha era frequentemente convidada para conduzir formações, encontros e retiros espirituais dentro e fora da Paróquia Nossa Senhora da Penha. Sua atuação ultrapassava os limites paroquiais, alcançando outras comunidades e paróquias da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim. Entre esses momentos, destacou-se a condução do retiro espiritual que antecedeu a Ordenação Diaconal do diácono Marcellus de Castelo, experiência lembrada com gratidão pelos participantes.

Mesmo com uma agenda pastoral intensa, Irmã Maria Teresinha mantinha firme o compromisso com a formação permanente. Cursava o 4º ano de Teologia na Escola Diaconal Santo Estêvão, aprofundando seus estudos como expressão de fidelidade à missão e de desejo constante de servir melhor à Igreja. Sua espiritualidade estava profundamente ligada ao carisma calvariano, à devoção mariana e à vivência cotidiana da chamada “espiritualidade do avental”, marcada pelo serviço humilde e concreto.

Segundo o vocacionado ao diaconado permanente, Adryan Macedo Rangel, amigo próximo da religiosa, a atuação de Irmã Teresinha ia além das funções oficialmente assumidas. “Ela estava diretamente envolvida na Pastoral da Criança e na Pastoral da Educação, mas também era constantemente convidada por outras paróquias para conduzir retiros e formações. Sua presença era sempre serena, atenta e profundamente fiel à missão”, afirmou.

No domingo, 7 de dezembro, Irmã Teresinha pregava um retiro na Paróquia Nossa Senhora da Penha, em Castelo, quando sofreu um mal súbito por volta das 9h45 da manhã. Ela foi prontamente socorrida e levada ao hospital da cidade, onde recebeu os primeiros atendimentos. Diante da gravidade do quadro clínico, foi transferida ainda no início da tarde pelo Núcleo de Operações e Transportes Aéreos (NOTAER) para o Hospital Estadual Central, em Vitória.

Após exames, foi diagnosticado um Acidente Vascular Cerebral (AVC). No mesmo dia, a religiosa passou por procedimento cirúrgico que, segundo a equipe médica, transcorreu conforme o esperado. No entanto, seu estado de saúde permaneceu grave devido à presença de um aneurisma associado ao quadro neurológico. Ela foi encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde permaneceu sob cuidados intensivos até a confirmação de sua morte, na sexta-feira, 20 de dezembro.

Em texto divulgado nas redes sociais, Adryan Macedo Rangel prestou uma homenagem emocionada à religiosa, recordando sua espiritualidade do “fazer antes de ensinar” e sua capacidade de unir oração, trabalho e serviço. Segundo ele, Irmã Teresinha ensinava com a própria vida, com as mãos no trabalho e o coração inteiramente voltado a Deus e ao próximo.

Conforme informado pela Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, o corpo da religiosa seguiu de Vitória diretamente para Belo Horizonte, sede da ordem religiosa, não havendo passagem por Alegre. Em sua intenção, a Paróquia Nossa Senhora da Penha celebrou duas Missas Exequiais sem o corpo presente neste domingo, 21 de dezembro, às 8h e às 19h, na Igreja Matriz. O velório aconteceu a partir das 5 horas, desta segunda-feira, 22 de dezembro, na capela do Colégio de Nossa Senhora do Monte Calvário, na Avenida do Contorno, em Belo Horizonte (MG). O sepultamento foi realizado às 10 horas.

A Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, a Congregação das Filhas de Nossa Senhora do Monte Calvário, familiares, amigos e toda a comunidade paroquial unem-se em oração, confiando Irmã Maria Teresinha Aparecida Pinto à misericórdia de Deus. Sua vida permanece como testemunho de uma fé vivida no cotidiano, de um amor traduzido em serviço e de uma missão marcada pela entrega silenciosa, pela humildade e pelo compromisso profundo com o Reino de Deus.