A Diocese de Cachoeiro de Itapemirim instalou nesta terça-feira, 10 de dezembro, a Comissão de Justiça e Paz (CJP). A formalização e instalação aconteceu após dois anos de atuação de um Grupo de Trabalho (GT) que promoveu ações como estudo e elaboração do estatuto, além de buscar conhecer o trabalho do órgão da Igreja Católica em âmbito nacional e internacional.
O evento que ocorreu na Catedral de São Pedro, em Cachoeiro de Itapemirim, foi aberto pelo Vigário Episcopal para Ação Social, Padre Evaldo Praça Ferreira, e contou com a presença dos membros da CJP. A comissão é formada por 33 membros de diferentes cidades e profissões. Entre os presentes, estavam o bispo diocesano Dom Luiz Fernando Lisboa e o Secretário Executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP) e Coordenador de Justiça e Paz da Pátria Grande, Daniel Seidel.
A Comissão Justiça e Paz nasceu com o objetivo de denunciar e combater as violações de direitos humanos durante o regime militar brasileiro e, desde então, tem participado ativamente dos principais movimentos da história. No sul do Espírito Santo, a longa preparação antes da formalização e instalação da CJP, decorreu da importância que tem a comissão. “É uma comissão muito importante, que vai assessorar o bispo em relação a assuntos pertinentes a toda a sociedade”, diz. Sua criação, afirma Evaldo, tem como uma de suas impulsionadoras a atuação do bispo Luiz Fernando que, desde que tomou posse, em 2021, tem se empenhado nas questões social”, explicou padre Evaldo.
Segundo Evaldo, a CJP é necessária “diante dos desafios, podendo contribuir muito para o enfrentamento em relação aos problemas ambientais, à violação dos direitos humanos e àquilo que não promove uma cultura de paz”. Assim, junto à sociedade civil, que participa da Comissão com 22 integrantes, poderá elaborar atos, abaixo-assinados e outras iniciativas de mobilização popular.
Ao tomar a palavra, Dom Luiz recordou que a instalação aconteceu no Dia Internacional dos Direitos Humanos (10 de dezembro), e que a CJP nasce inspirada nas disposições do Concílio Vaticano II, especialmente pela constituição pastoral Gaudium et spes, que ressaltou a necessidade de os membros da Igreja participarem do processo de mudança da sociedade. Nesse sentido, em 1967, São Paulo VI criou a Pontifícia Comissão Justiça e Paz, que depois se tornou um pontifício conselho e, atualmente, integra o Dicastério para o Desenvolvimento Humano e Integral, criado pelo Papa Francisco.
O bispo sublinhou que, ao longo dos anos, os propósitos da Comissão nunca mudaram no Brasil, uma vez que a realidade social e política do País continua a requerer a presença vigilante e atuante desse organismo eclesial, assim como de outras organizações da sociedade civil, por isso, a importância da sua instalação na Diocese de Cachoeiro, acrescentando que “o magistério do Papa Francisco, agrega-se um conceito para o desenvolvimento humano e superação das desigualdades e injustiças: a fraternidade universal”.
Na região sul, segundo a Valeria Martins Hoinhas, secretária Executiva da CJP, um dos problemas que precisam ser discutidos é a construção do Porto Central, em Presidente Kennedy que, segundo ela, tem sido feita sem diálogo com a comunidade. Ela afirmou também que uma das ações da CJP vai ser intensificar a aproximação com a Federação dos Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), que tem estudado os impactos que o empreendimento causará na região. Em agosto, o Grupo de Trabalho que resultou na criação da CJP, juntamente com a Pastoral da Ecologia Integral, a Fase e a Restauração e Ecodesenvolvimento da Bacia Hidrográfica do Itabapoana (Redi), divulgou um abaixo-assinado da Campanha Nem um Poço a Mais. Na ocasião o bispo fez críticas à instalação do porto.
A comissão é formada pelos leigos: Ana Cláudia S.C Araújo (Assistente Social); Andressa de Lima Rocha (Advogada e Terapeuta); Alexandre Ávila de Almeida (Engenheiro Agrônomo); Antônio Gualhano (Prefeito de Bom Jesus do Norte); Dandara Dias de Oliveira (Professora); Erenice Pizetta (Professora); Eliza Thomaz de Oliveira (Advogada); Gustavo Vargas Nascimento (Administrador); Helton da Silva Souza (Assistente Social); Jose Roberto Da Silva Vidal (Professor); Jose Arcanjo Nunes (Engenheiro Agrônomo); José Ângelo Fim (Motorista); João Bosco Dias (Sub. Secretário de Política de Inclusão da Pessoa com Deficiência, SEDH); Joelma Aparecida Zoboli (Professora); Júlio Cesar De Paula Ribeiro (Psicólogo e Professor); José Ricardo Vicente (Secretario Administrativo); José Antônio Souto Siqueira (Psicólogo); Kleber Tadeu Massena Paiva (Servidor Público); Kayc Rosa (Vereador de Bom Jesus do Norte); Leidiana da Silva Moreira (Assistente Social); Luiz Antônio Gomes (Consultor); Marilia de Fátima Tibúrcio (Servidora Pública); Marcos Alves Barbosa (Advogado); Marcos Valério dos Reis Nascimento (Representante Comercial); Marilza Onilia da Silveira Fim (Servidora Pública); Priscilla Thomaz de Oliveira (Advogada); Rethyeli Maria Pizetta Diwali (Dona Casa); Sirley Camiletti Cardozo (Contadora); Sérgio Antônio Mariano Cezar (Professor Pedagogo E Comunicologo); Sônia Cristina Frecciano (Servidora Pública); Valeria Martins Hoinhas (Advogada); Zilma Santos da Silva (Auxiliar de Escritório) e pelo padre Rogerio Santos Bebber.
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