O avanço da Inteligência Artificial (IA) tem despertado reflexões profundas sobre seus impactos na sociedade e na própria compreensão do que significa ser humano. Em resposta a esse desafio, o Vaticano publicou recentemente a Nota “Antiqua et nova: Relação entre inteligência artificial e inteligência humana”, um documento produzido pelo Dicastério para a Cultura e a Educação em parceria com o Dicastério para a Doutrina da Fé. A iniciativa visa oferecer uma abordagem ética e criteriosa sobre a IA, promovendo um debate informado e equilibrado.
Dom Paul Tighe, secretário do Dicastério para a Cultura e a Educação, destacou a importância de compreender a inteligência para além dos algoritmos e processos lógicos, enfatizando que a capacidade humana de encontrar significado, propósito e direção na vida é um aspecto insubstituível. “Podemos usar a IA para nos auxiliar, mas nossa dimensão intelectual vai muito além do que uma máquina pode fazer”, afirmou o prelado.
O documento apresenta reflexões sobre os riscos e as oportunidades que a IA traz à sociedade, abordando questões como a despersonalização na educação, o impacto sobre o mercado de trabalho, o uso da tecnologia em conflitos armados, a disseminação de informações falsas e o aumento da desigualdade social. Segundo Dom Tighe, é essencial que a humanidade permaneça no controle do desenvolvimento tecnológico, garantindo que ele sirva ao bem comum e não amplie injustiças.
A Nota também alerta para os desafios éticos que surgem com a IA, ressaltando a necessidade de um desenvolvimento sustentado por princípios morais e por uma visão integral do ser humano. “Precisamos de uma abordagem que celebre o potencial da IA sem ignorar seus riscos. A responsabilidade é de todos: dos que projetam, dos que desenvolvem e dos que utilizam a tecnologia”, pontuou Dom Tighe.
Ao refletir sobre a posição da Igreja diante da IA, o documento reafirma o compromisso com o desenvolvimento humano integral e a busca pelo bem-estar da família humana. “A Inteligência Artificial precisa refletir o melhor de nós, como seres humanos. Para isso, é necessário um olhar crítico e uma ação responsável”, concluiu Dom Tighe.
A Nota “Antiqua et nova” reforça o papel da Igreja no debate sobre os avanços tecnológicos e seu impacto na vida cotidiana, incentivando fiéis e sociedade a refletirem sobre o uso ético da IA e seu impacto na construção de um mundo mais justo e solidário.