Nesta Sexta-feira Santa, 18 de abril, os fiéis católicos se unem em penitência, abstinência e jejum para relembrar a Paixão de Cristo. Entre as atividades deste dia, estão a Via Sacra, o Sermão das Sete Palavras de Jesus na Cruz; as procissões com a imagem de Cristo e da sua Mãe Dolorosa, entre outros.
Neste dia, a Igreja não celebra a Eucaristia e nenhum sacramento, exceto a Reconciliação e a Unção dos Enfermos. Em artigo publicado nesta semana, o padre José Carlos Ferreira da Silva, pároco da Paróquia Nosso Senhor dos Passos, em Cachoeiro de Itapemirim, refletiu sobre o “silêncio” desse dia que, segundo o presbítero, é fruto de uma espécie de assombro, que leva ao nosso interior a pergunta sobre a relação pessoal de cada um com Deus.
“Na Sexta-feira Santa, o mundo deveria parar. Não por tradição, mas por respeito. Foi nesse dia que o céu escureceu no meio da tarde, não por causa do clima, mas porque algo muito errado aconteceu: mataram o Justo. Jesus não morreu por acidente. Foi entregue. Julgado às pressas, condenado com apoio popular, executado como um criminoso qualquer. Ele sabia o que vinha — sentiu medo, suou sangue, pediu ao Pai que, se possível, afastasse o cálice. Mas não fugiu. Não se defendeu. Entregou-se.”
O sacerdote continua: “Deus se deixou matar. Não foi vencido pela força, mas pelo amor. Jesus se entregou, não porque perdeu, mas porque decidiu vencer de outro jeito: pela cruz; não pela espada! A Sexta-feira Santa é desconfortável porque mostra até aonde vai o amor de Deus — e até aonde pode chegar a maldade humana. E, pior, não a maldade dos outros, mas a nossa. A multidão que gritava ‘crucifica-o’ não sumiu com o tempo. Ela continua viva, cada vez que escolhemos a indiferença. Cada vez que preferimos Pilatos, lavando as mãos, em vez de se comprometer com a justiça”, refletiu o sacerdote.
Padre José Carlos lembra ainda que a “Sexta-feira Santa é um convite ao silêncio. Não à tristeza vazia, mas à consciência. Porque não dá pra olhar para a cruz e seguir a vida como se fosse só mais um feriado. Alguém morreu por amor. E isso muda tudo — ou deveria.”