O Papa, a Barca e os Ventos

O Papa Leão XIV mal foi apresentado ao mundo e já começou a disputa por interpretações. De um lado, os que esperam firmeza. Do outro, os que exigem flexibilidade. Há quem espere posturas progressistas. Há quem deseje um retorno ao que chamam de “raízes”. Todos parecem querer um Papa que lhes diga o que querem ouvir.

Mas a missão do Sucessor de Pedro nunca foi agradar plateias. O Papa não é um gerente de causas, tampouco um porta-voz de partidos. Não cumpre agendas ideológicas nem presta contas à lógica das redes sociais. Está ali por um chamado maior: conduzir a barca da Igreja e não se curvar aos ventos do momento.

Leão XIV, como tantos antes dele, vai errar e vai acertar. Vai agradar uns e inquietar outros. Porque ser Papa é justamente isso: liderar com coragem num mundo dividido, mantendo o olhar fixo não na aprovação pública, mas no Evangelho.

A Igreja, desde suas origens, foi chamada a ser sinal de contradição. E a barca de Pedro, ao longo dos séculos, já enfrentou tempestades de todo tipo — ideológicas, culturais, espirituais. O que a mantém flutuando não é o alinhamento com a opinião dominante, mas a fidelidade à sua missão.

Tratar o Papa como um ídolo ou como um inimigo, dependendo do discurso da semana, é reduzir a fé à torcida. E transformar a Igreja em campo de batalha político é esquecer que ela foi fundada não sobre uma estratégia, mas sobre uma rocha.

Se a escolha de um Papa nos incomoda mais do que nos chama à oração, talvez o problema não esteja em Roma. Talvez seja hora de menos análise e mais escuta. Menos militância e mais fé. Porque no fim das contas, a pergunta que realmente importa não é se o Papa agrada ou não, mas se estamos dispostos a seguir com ele, na barca, rumo ao que não muda: Cristo.

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Autor:

Pe. José Carlos

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