O Poder silencioso do abraço

Não sei em que momento da vida a gente parou de se abraçar tanto. Talvez tenha sido quando a pressa tomou o lugar da presença, ou quando os celulares começaram a ocupar o espaço entre os corpos. Mas sei que, quando um abraço acontece de verdade, ele interrompe tudo. Silencia o barulho do mundo.

Tem abraço que salva. Não exagero. Tem abraço que chega antes das palavras, que entende sem perguntar, que segura a barra quando o chão falta. Um abraço bem dado é quase uma casa: acolhe, protege, esquenta. É um jeito de dizer “tô aqui” sem precisar emitir som.

A ciência já explicou isso — oxitocina, cortisol, blá blá blá. Mas quem já chorou no ombro de alguém sabe que é mais do que isso. É alma reconhecendo alma. É o toque dizendo o que a boca não consegue. Quando a vida pesa, um abraço certo na hora certa pode não mudar o problema, mas muda você diante dele.

Tem os abraços rápidos, de rotina, e tem aqueles demorados, com respiração sincronizada, onde dá até para escutar o coração do outro — e, de quebra, reencontrar o seu. É nesses que mora a mágica. Porque no fundo, a gente quer ser visto, sentido, aceito. E um abraço bom é exatamente isso: aceitação com os braços.

A gente precisa de mais abraços. Não os protocolares, frios, de convenção social. Mas os sinceros, quase demorados demais. Aqueles que quebram o gelo, derretem a tristeza, costuram a saudade.

Abraço não resolve tudo. Mas, às vezes, resolve o que mais importa.

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Autor:

Pe. José Carlos

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