A primeira missa, onde hoje é Cachoeiro de Itapemirim, foi celebrada em 16 de julho de 1856 e simbolizou a chegada do cristianismo à atual “Área Pastoral Cachoeiro”, da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim. Esse evento histórico teve lugar em um dos cômodos de um velho armazém do Barão de Itapemirim, no Baiminas, próximo onde hoje está a Igreja Nosso Senhor dos Passos (Matriz Velha). Conduzida pelo padre Manoel Leite Sampaio Mello, a missa não apenas representou o início da cristianização na então Freguesia de São Pedro das Cachoeiras, mas também o início dos trabalhos pastorais da Igreja Católica na região.
Sepultado em Cachoeiro de Itapemirim, Padre Manoel Leite Sampaio Mello chegou à cidade em setembro de 1860, para ocupar o cargo de vigário encomendado (provisório), depois mudou-se para o Rio de Janeiro (RJ) e retornou para Cachoeiro (ES) em 1862, para ocupar o cargo de vigário colado (permanente).
O Padre Manoel Leite Sampaio Mello (filho do Coronel Manoel Leite Sampaio e de Joana Pastora do Amor Divino) nasceu no dia 08 de maio de 1829, em Vila Nova, no estado de Sergipe, e faleceu no dia 09 de março de 1892, aos 62 anos de idade. Seu testamento foi realizado dois anos antes.
Consta em seu inventário o monte mor de 45:854$720, com terça de 13:885$506. Possuía 59 mil pés de cafés avaliados a 14:285$000. Possuía uma casa em Cachoeiro de 10 braças de frente por 30 braças de fundo, com 5 janelas, avaliada a 1:200$000. Possuía uma casa em São Sebastião da Urtiga com 110 palmos de comprimento e com 8 janelas, avaliada a 3:000$000.
Conforme relatos do historiador Levy Rocha, o Padre Manoel Leite Sampaio Mello chegou como terceiro vigário no segundo semestre de setembro de 1860 e recebeu do Presidente do Espírito Santo a quantia de um conto e quinhentos reis para as obras de construção da igreja.
Essa igreja dedicada ao Divino Espírito Santo teve sua construção ordenada pelo fazendeiro português Antônio Francisco Moreira. Essa construção foi terminada em maio de 1863, sendo assim o primeiro templo católico da Freguesia, que serviu como matriz por alguns anos.
Ocorre que a Capela do Divino Espírito Santo não foi construída com os materiais apropriados, assim, não resistiu à passagem do tempo e muito menos às enchentes dos anos 1867, 1872 e 1875, que abalaram a estruturas frágil. Registramos que essa capela estava na baixada (atual localização de um hipermercado).
Coube ao Padre Manoel Leite Sampaio Mello, com o prédio da capela arruinado, determinar a transferência das imagens para a capela de uso próprio da família do Capitão Francisco de Souza Monteiro, atual Igreja Nosso Senhor dos Passos.
A Capela Nosso Senhor dos Passos foi doada à Paróquia São Pedro em 1882 e começou a funcionar como a Matriz de Cachoeiro em 1884, já dedicada a São Pedro, Apóstolo, padroeiro da Cidade.
Diante da importância do Padre Manoel Leite Sampaio Mello para o início da propagação da fé católica no município de Cachoeiro de Itapemirim, membros do Vicariato Episcopal para a Comunicação da Diocese empreenderam uma missão quase impossível: localizar o túmulo do sacerdote no Cemitério Municipal, situado no bairro Coronel Borges.
Após dias de intensas buscas, com o apoio fundamental das servidoras públicas municipais Lucileia de Castro de Jesus Farias (coordenadora de cemitérios) e Ivoni Gomes Paulino (gerente de cemitérios) — às quais expressamos nosso sincero agradecimento pela simpatia, disponibilidade e empenho na pesquisa dos registros de sepultamentos —, foi finalmente possível localizar o local onde repousam os restos mortais do padre.
Trata-se da sepultura de número antigo 163, atualmente renumerada como 92, posicionada do lado direito da entrada antiga do cemitério municipal. Segundo o relato da servidora Lucileia, a estrutura do túmulo, em forma de capela e atualmente lacrada, confirma se tratar de um sepulcro reservado, típico de personalidades religiosas da época. Nas descrições feitas, mais recentemente na lápide, não consta o nome do presbítero, o que dificultou sua identificação, sendo necessária uma busca manual aos registros municipais.
A sepultura possui coloração branca e, em seu ponto mais alto, há uma elevação que, conforme relatos antigos, sustentava uma estátua de um anjo — sinal da relevância espiritual do ocupante do túmulo.
Essa descoberta representa um passo significativo na preservação da memória histórica e religiosa de Cachoeiro de Itapemirim, permitindo que as futuras gerações conheçam e honrem a trajetória de um dos precursores da fé católica na região.