Na tarde da última quinta-feira, 7 de agosto, a Diocese de Cachoeiro de Itapemirim promoveu um importante encontro reunindo representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), lideranças dos assentados do Nova Safra, Secretarias de Agricultura das prefeituras de Cachoeiro e Itapemirim e Itapemirim, além de membros do Vicariato Episcopal para Ação Social. Foi o segundo encontro intermediado pela Igreja, objetivando dar continuidade ao diálogo interinstitucional iniciado em 2024, buscando avanços nas negociações e reivindicações dos moradores do assentamento, existente há 28 anos, localizado entre os dois municípios.
O bispo diocesano, Dom Luiz Fernando Lisboa, CP, destacou a relevância desse processo de escuta e articulação: “É nosso segundo encontro com a superintendente do INCRA no Espírito Santo. Essa iniciativa é um pedido dos próprios assentados do Nova Safra. Chamamos novamente o INCRA, com seus técnicos, e também secretários dos dois municípios, para ouvir as demandas e necessidades da comunidade. A partir disso, cada ente busca assumir aquilo que lhe compete para avançarmos nas soluções concretas”, afirmou.
Entre os principais pontos tratados, estão questões ligadas à regularização da área, infraestrutura, saúde, educação e acesso a políticas públicas que garantam dignidade e desenvolvimento social aos assentados. Um dos encaminhamentos mais significativos foi o agendamento de uma nova reunião, desta vez dentro do próprio assentamento, para ouvir diretamente toda a comunidade.
“Na reunião de hoje, deixamos marcado um próximo encontro com os prefeitos e secretários para tratar das demandas levantadas. Além disso, haverá uma visita ao Nova Safra com a presença da superintendente do INCRA, para que todos os assentados possam participar do diálogo. O INCRA tem sido muito aberto ao diálogo, e muitos avanços já foram percebidos desde o nosso primeiro encontro”, completou Dom Luiz Fernando.
A superintendente regional do INCRA no Espírito Santo, Maria da Penha Lopes dos Santos, reforçou o compromisso da instituição com o processo de escuta e ação articulada. “Esse diálogo com os assentamentos, intermediado pela Diocese, é de extrema importância. Discutimos temas como assistência técnica, infraestrutura, saúde e acesso às políticas públicas da reforma agrária. Já avançamos muito desde o primeiro encontro, como na regularização do registro da área em nome do INCRA”, explicou.
Segundo ela, a partir dessa regularização será possível dar início à supervisão ocupacional, uma etapa essencial para mapear quem está atuando em cada lote, o que está sendo produzido e, com isso, direcionar recursos e políticas públicas adequadas.
“Quem estiver regularizado poderá receber fomentos, ou seja, recursos para desenvolver sua produção. É um passo importante para garantir que as famílias permaneçam com dignidade no campo, com acesso à cidadania plena”, enfatizou.
Penha Lopes também mencionou que sair do encontro com um terceiro agendado, diretamente no assentamento, foi um avanço significativo.
“As pessoas precisam entender como funciona a política de reforma agrária. Não é apenas distribuir terra, é garantir que o assentado possa viver com dignidade, com políticas complementares como educação e saúde. Saio daqui muito animada, com a disposição dos dois municípios em buscar unidade e parcerias para atender de forma efetiva o público da reforma agrária”, concluiu.
“O Assentamento Nova Safra, embora marcado por anos de espera e desafios, agora começa a trilhar um novo caminho, construído com diálogo, articulação e compromisso com a justiça social. A Diocese de Cachoeiro, com sua missão pastoral e social, reafirma seu papel como ponte entre o povo e as instituições, promovendo a escuta ativa, a solidariedade e a busca de soluções concretas para quem mais precisa”, expressou o Vigário para Ação Social, padre Evaldo Praça Ferreira.