A Igreja Católica celebra nesta quarta-feira, 1º de outubro, a memória de Santa Teresinha do Menino Jesus, padroeira das missões e doutora da Igreja. Na Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, a data foi marcada por diversas homenagens, realizadas na Catedral de São Pedro, no Carmelo São José e nas Comunidades Eclesiais de Base dedicadas à santa.
Na Catedral de São Pedro, no Centro de Cachoeiro, uma Celebração Solene reuniu fiéis ao meio-dia e foi presidida pelo padre Enildo Genésio de Souza, diretor da Rádio Diocesana FM 95,7. A celebração marcou as homenagens à padroeira da emissora e do Clube da Fé, reforçando a devoção à santa carmelita que, com simplicidade e profundo amor a Deus, se tornou referência espiritual para a Igreja.
Durante a homilia, padre Enildo destacou o exemplo de entrega e confiança de Santa Teresinha:
“Todos os seus gestos e sacrifícios oferecia a Deus pela salvação das almas dos pecadores e na intenção da Igreja. Santa Teresinha do Menino Jesus sempre conservou um coração de criança e, ensinada pelo Espírito Santo, descobriu o caminho para a santidade”, afirmou o presbítero.
As homenagens continuam ao longo do dia. No Carmelo São José — localizado no km 10 da Rodovia Gumercindo Moura Nunes, em Soturno —, um dos locais mais visitados por devotos em Cachoeiro, haverá Celebração Eucarística às 19h30, presidida pelo Reitor do Seminário Bom Pastor, padre Sebastião Lopes. Assista aqui.
“A festa em honra a Santa Teresinha, conhecida por seu ‘pequeno caminho’ de amor e confiança em Deus, é um momento especial para nossa Rádio Diocesana e para a comunidade diocesana renovar a fé e se inspirar na vida da padroeira das missões”, finalizou padre Enildo.
Santa Teresinha
Thérèse Françoise Marie Martin nasceu em Alençon, em 2 de janeiro de 1873, de um casal de ourives, muito católicos, “dignos mais do céu do que da terra”, como Terezinha os definia. Ele era a última de oito filhos, três dos quais morreram quando crianças. Aos quatro anos, ficando órfã de mãe, reviveu o drama do abandono, por causa da entrada progressiva de quatro de suas irmãs para o Carmelo. No entanto, recebia o carinho especial do seu pai, que a chamava “pequena rainha da França e de Navarra”, como também “a pequena órfã de Beresina”.
Por sua vez, ela também entra para o Carmelo de Lisieux, com apenas quinze anos, por especial autorização do Papa Leão XIII, após ter ido suplicá-lo em Roma: “Você vai entrar, se Deus quiser”, foi a resposta do Pontífice.
O desejo da jovem era “salvar as almas” e, sobretudo, “rezar para ajudar os sacerdotes”. Na hora de fazer a profissão dos votos religiosos ela recebeu o nome de Irmã Teresa do Menino Jesus e da Santa Face.
A pedido da Superiora, Terezinha começou, imediatamente, a escrever um diário, no qual fez algumas anotações sobre as etapas da sua vida interior. Em 1895, escreveu: “No dia 9 de junho, festa da Santíssima Trindade, recebi a graça de entender, mais do que nunca, quanto Jesus quer ser amado!”.
Pequeno Caminho
Na França, no final do século XIX, difundia-se o pensamento positivista, impulsionado por grandes invenções e apoiado por ideias anticlericais e ateístas.
Por isso, a elaboração de uma espiritualidade muito original, por parte de Teresa, também chamada “teologia do Pequeno Caminho” ou “da Infância Espiritual”, assume particular importância; trata-se de uma espiritualidade, cuja pratica do amor a Deus não se baseava em grandes ações, mas em pequenos atos diários, aparentemente insignificantes.
Em sua autobiografia, Santa Teresa escreve: “Há somente uma coisa a ser feita: oferecer a Jesus as flores dos pequenos sacrifícios”. E, ainda: “Quero transmitir as pequenas ações que consegui fazer”.
Na sua elaboração original, o Diário tem um subtítulo: “História primaveril de uma florzinha branca”. No entanto, sob um aparente romanticismo, se oculta, na verdade, um caminho árduo rumo à santidade, marcado por uma forte resposta ao amor de Deus pelo homem.
Incompreendida pelas coirmãs do Carmelo, Teresa declara ter recebido “mais espinhos que rosas”, mas aceitava com paciência as injustiças e as perseguições, como também as dores e os sofrimentos da sua doença, oferecendo tudo “pelas necessidades da Igreja”, “lançar rosas sobre todos, justos e pecadores”.
Para João Paulo II e Bento XVI, a exclusividade da sua espiritualidade era a total abertura à invasão do amor de Deus, a capacidade de responder a este amor também nas “noites” do espírito: neste sentido, era irmã dos pecadores, dos distantes, dos ateus, dos desesperados; eis porque foi declarada Padroeira dos missionários.
Morte e acontecimentos da “História de uma alma”
Após nove anos de vida religiosa, Teresa morre, com apenas 24 anos de idade, em 3º de setembro de 1897, acometida por tuberculose. Em 1923, foi beatificada pelo Papa Pio XI, que a considerava a “estrela do seu Pontificado” e, logo a seguir, canonizada em 1925.
Nos anos 50, no século passado, o abade André Combes, – teólogo no “Institut Catholique”, na Sorbonne de Paris, e na Universidade Lateranense, em Roma, – descobriu as manipulações feitas, em boa fé, no Diário de Teresa, pelas suas próprias coirmãs, que a consideravam a pequena de casa; a doutrina espiritual e teologal da “Infância Espiritual” não se limitavam, apenas, em um princípio psicológico e sentimental, composto só de pequenas coisas. O coração da sua espiritualidade consistia mais na consciência de que o homem, mesmo na sua pequenez, acaba sendo divinizado pela Graça. Desta forma, Teresa responde aos “mestres suspeitosos”, como Feuerbach, Marx, Freud, Nietzsche. O homem-criatura, que se deixa divinizar pela invasão do amor de Deus, não é, absolutamente, “alheado”. A Cristologia e Antropologia caminham, portanto, de pari passu: Teresa antecipa, de quase um século, alguns textos do Concílio Vaticano II, de Paulo VI, e, em particular, alguns trechos da “Caritas in.
Fotos