Os representantes da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim seguem vivenciando momentos intensos e profundamente significativos na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém (PA). Nos últimos dias, a delegação, composta por Ana Cláudia da Silva Costa (presidente da Cáritas Diocesana), Rayane Espolador de Almeida (coordenadora de projetos da Cáritas) e José Arcanjo Nunes (coordenador diocesano da Pastoral da Ecologia Integral), tem participado ativamente de diversos espaços de reflexão, escuta e articulação, representando a Igreja Católica e a Diocese de Cachoeiro nos debates globais sobre os desafios ambientais.
Entre os destaques da agenda está a participação no Simpósio da Igreja Católica na COP30, promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em um espaço especial próximo à Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, um dos mais belos símbolos da fé amazônica. O evento reuniu religiosos, lideranças pastorais e representantes de diversas regiões do país, apresentando experiências concretas do compromisso da Igreja com o cuidado da criação e a justiça socioambiental.
Outro momento marcante foi o Tapiri Inter-religioso, que reuniu diferentes expressões de fé, como a Igreja Católica, Igreja Anglicana, comunidades evangélicas e diversas tradições religiosas indígenas e populares. O encontro reforçou a importância do diálogo inter-religioso na construção de respostas coletivas e éticas à crise climática, destacando o papel das religiões na promoção da paz, do cuidado com a Casa Comum e da dignidade humana.
A delegação diocesana também participou de importantes atividades da Pastoral da Ecologia Integral, incluindo o 6º Tribunal dos Direitos da Natureza, com a presença de povos da América Latina, e da Cúpula dos Povos, que reuniu centenas de participantes em seis grandes eixos temáticos. A equipe se dividiu para estar presente no maior número possível de espaços, contribuindo com escuta, denúncias, estudos, intercâmbio de experiências e atividades culturais. Um dos principais frutos desses encontros foi a construção de um documento com propostas e reivindicações das comunidades, que foi entregue à presidência da COP, no domingo (16), em audiência pública.
Entre os principais pontos do documento está a defesa da vida e a proteção dos defensores socioambientais. Nesse contexto, foi lembrado o assassinato, ainda no domingo, de um indígena Guarani Kauá, fato que reforça a urgência da implementação de políticas de proteção aos povos originários e suas lideranças.
Também foi realizado um importante momento de debate na Zona Verde, território oficial da COP30, sobre a vida ameaçada no espaço íbero-americano, com a presença de quatro cardeais e da Cáritas Brasileira, representada por sua secretária executiva, Valquíria Lima. A atividade destacou que “não há vida sem natureza, nem ética sem cuidado”, ressaltando a responsabilidade da Igreja em promover ações concretas de enfrentamento às mudanças climáticas.
Para os próximos dias, a agenda da delegação da Diocese de Cachoeiro inclui visita à comunidade quilombola de Abacatau, com representantes da Cáritas da Alemanha e da França, além de uma atividade especial com uma religiosa mineira que vive em Brumadinho (MG) e irá partilhar os impactos socioambientais e humanos provocados pelo rompimento da barragem na região.
“A COP30 tem sido um espaço de escuta, luta, resistência e voz profética da nossa Igreja. Estamos aqui movidos pela esperança e pela certeza de que a transformação nasce dos territórios, do clamor dos povos e não do mercado”, destaca Ana Cláudia da delegação da Diocese.
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