Pe. Carlos Henrique Dias
Assessor Diocesano da Iniciação Cristã e Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Penha – Alegre
A Igreja, desde os seus primeiros séculos, sempre teve um grande carinho por aqueles que desejavam conhecer e seguir Jesus Cristo. Inspirada nessa tradição viva, e com o impulso do Concílio Vaticano II, a Igreja hoje nos convida a retomar esse caminho antigo e sempre novo: a catequese de inspiração catecumenal, guiada pelo Rito da Iniciação Cristã de Adultos (RICA).
Mas o que isso significa na prática? E como podemos, como catequistas, viver essa proposta em nossas comunidades?
O que é a inspiração catecumenal?
É um jeito de fazer catequese que não se limita a ensinar conteúdos, mas propõe uma verdadeira caminhada de fé, vivida em etapas, com tempo, acolhimento e ritos celebrativos. O foco não é apenas “preparar para receber sacramentos”, mas ajudar a pessoa a encontrar-se com Cristo e assumir a vida cristã de forma consciente e transformadora.
Quatro tempos, um só caminho
O RICA propõe quatro tempos bem definidos, que ajudam os catequizandos a amadurecerem sua fé:
- Pré-catecumenato: é o tempo do acolhimento, do primeiro anúncio (kerigma), onde a pessoa é escutada, acolhida e começa a se interessar por Jesus. É um tempo sem pressa, para que o coração vá se abrindo.
- Catecumenato: aqui a catequese se aprofunda. É o tempo mais longo, de formação na Palavra, na doutrina, na vida de oração e na vivência comunitária. A fé vai ganhando raízes.
- Purificação e Iluminação: vivido especialmente no tempo da Quaresma, é um período de conversão mais intensa e de preparação para receber os sacramentos na Vigília Pascal.
- Mistagogia: após o Batismo, Crisma e Eucaristia, os novos cristãos continuam sendo acompanhados para integrar-se plenamente à comunidade e compreender melhor os mistérios celebrados.
O discipulado, uma experiência de vida
A catequese catecumenal une catequese, liturgia e vivência comunitária. Os encontros não são apenas para “dar matéria”, mas para rezar juntos, ouvir a Palavra, partilhar a vida e crescer na amizade com Deus e com os irmãos.
Ela valoriza muito os ritos, os símbolos, a oração e a vida em comunidade. O catequizando sente-se parte da Igreja desde o início da caminhada.
O papel dos catequistas
Nesse modelo, o catequista não é só “professor”, mas um companheiro de caminhada, um testemunho de fé que ajuda o outro a se encontrar com Deus. É alguém que escuta, acolhe, reza junto e caminha junto.
Por isso, é importante que os catequistas busquem uma formação contínua, oração pessoal e participação na vida da comunidade.
Desafios e esperança
Sabemos que colocar esse modelo em prática exige paciência, formação e disposição para mudar algumas práticas. Mas vale muito a pena!
Com o RICA e a inspiração catecumenal, a catequese se torna mais profunda, mais viva e mais fiel ao Evangelho, formando cristãos convictos e comprometidos.
Conclusão
Nosso desafio é que possamos abraçar com amor essa proposta da Igreja e vivê-la na realidade de nossas Comunidades Eclesiais de Base. Que a nossa catequese seja cada vez mais um verdadeiro encontro com Cristo, uma experiência de comunidade e um caminho de conversão.
Peçamos ao Espírito Santo que nos conduza e nos renove na missão de anunciar Jesus com alegria e fidelidade!
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