A dor como sinal de mudança

Pe. José Carlos Ferreira da Silva

 

Ao rolar a tela do meu celular deparei-me com uma frase que levou à reflexão: “Toda mudança começa com a dor que a alma não consegue mais suportar”. De fato, há um momento em que a rotina, mesmo estável, começa a sufocar. E isso não se percebe de imediato. No início, os sinais são quase invisíveis: um incômodo ao acordar, um suspiro mais longo antes de sair, uma irritação silenciosa diante do que antes passava despercebido.

A dor que leva à mudança raramente grita. Ela se acumula em silêncios, em repetições sem sentido, em escolhas feitas no modo automático. Vai se infiltrando no cotidiano até que, de repente, algo cede. Pode ser uma lágrima no trânsito, uma resposta atravessada, um vazio que pesa demais.

Não se trata de impulso ou de coragem repentina. A mudança começa quando continuar doendo se torna mais insuportável do que enfrentar o desconhecido. Quando ficar se torna mais arriscado do que partir.

É aí que as decisões acontecem — nem sempre grandes, nem sempre visíveis. Às vezes é só um “basta” silencioso, um passo mínimo fora da linha habitual. Mas a direção já mudou. E com ela, tudo o que vem depois.

O incômodo é sinal. A dor é o limite. E a mudança, quase sempre, é a resposta inevitável quando a alma já não suporta mais. No entanto, Não se trata de reinventar a vida de uma hora para outra. Muitas vezes, mudar é apenas deixar de insistir no que já não faz sentido. É reconhecer que o desgaste tem causa, que o silêncio fala, e que continuar exige mais do que apenas resistência.

A proposta não é buscar grandes viradas, mas abrir espaço para pequenas decisões conscientes — aquelas que, pouco a pouco, desfazem o nó. Porque quando a alma começa a pedir alívio, ignorar não é mais uma opção.

 

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Pe. José Carlos

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