Artigo

Seminarista Pedro Henrique De Angeli

JOÃO BATISTA: EXEMPLO DE VOCAÇÃO

Por Seminarista Pedro Henrique De Angeli

 


JOÃO BATISTA: EXEMPLO DE VOCAÇÃO

 

Profetizando, Zacarias exclamou: “Serás profeta do Altíssimo, ó Menino, pois irás andando à frente do Senhor para aplainar e preparar os seus caminhos” (Lc 1, 79).

 

No dia 24 de junho celebramos a solenidade do nascimento de São João Batista, o precursor de Jesus Cristo; o primo do Homem; o profeta por excelência que caminha diante da face de Deus. Sinto alegria em tê-lo como padroeiro da minha Comunidade Eclesial de Base e Paróquia de origem, em Jaciguá – que, aliás, este ano comemora seu Centenário (1923 - 2023) – pois, diante da figura de João Batista temos a oportunidade de trazer muitos traços de sua vida para a nossa. Além disso, na história do povo de Deus, João ocupa um lugar incomparável.

Deus busca corações livres e isso é cristalinamente explícito em João. Ele é o PRECURSOR, pois prepara os caminhos do Senhor e instrui o povo a reconhecer a salvação – Que linda missão! O grande profeta sabe que o verdadeiro Salvador é Jesus e por isso não se importa em diminuir para que o Mestre cresça sempre mais na vida dos que o seguem. Assim, como autêntica testemunha, ele apresenta a Luz do Mundo para aqueles que ainda não o conhecem (Jo 3, 30). 

Normalmente, nas imagens, São João Batista é representado com o braço estendido, com o dedo apontando para o alto. Na verdade, isso é um belo sinal daquele que toda sua vida foi um apontar para Deus. Isso, pois, João é aquele que sabe seu lugar.Sabe o lugar em que Deus o quer. Sabe apontar para Aquele que dá a vida e que é a Salvação de todos. João está em perfeita comunhão com o Espírito Santo, sendo Arauto do Deus Altíssimo. Por isso, ele tem autoridade e pode afirmar com toda a força: “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29).

No Hino das Laudes encontramos esse lindo verso: “Logo ao nasceres não trazes mancha”. É santo desde o seu nascimento, pois diante do grande mistério da salvação em Jesus Cristo, João é instrumento. Ele, aqui, aparece, não apenas na ordem da preparação, mas na ordem da própria realização. Ele é aquele por quem a justiça de Deus se realiza. Por isso, lhe diz Jesus: “Não é preciso, então, que nós cumpramos toda a justiça?” (Mt 3, 5). João também é associado a seu cumprimento, pois está engajado nos caminhos de Deus. 

O próprio Jesus afirma que João é “o maior nascido de mulher” (Lc 7, 28). Com efeito, no Prefácio da Missa da Natividade de São João Batista diz-se uma linda expressão: “Batizou o próprio autor do batismo”. Aqui está o momento mais solene da vida de João onde ecoa uma verdade admirável: no gesto de admitir-se na fila do batismo nas águas do rio Jordão, Jesus dá autenticidade à missão do Batista. Confirma-o no papel único que é seu.

Em seu magistério, o Papa Francisco destaca a necessidade de “compreender que a salvação não é uma escalada para a glória, mas um abaixamento por amor. É fazer-nos humildes” (Papa Francisco, Homilia da Quarta-feira de cinzas, 2021). Por conseguinte, João, sendo TESTEMUNHA de Cristo, dá-nos o verdadeiro exemplo disso. Devemos anunciar o Reino de Deus como humildes servos: “Eis que vem após mim aquele de quem não sou digno de desatar a correia das sandálias” (Mc 1, 7). 

Por fim, João também é MÁRTIR. Sua morte sela por um supremo ato de amor todo o testemunho de sua vida. Ele morreu, como consequência de, a todo momento, ter sido fiel a Deus e a si mesmo. Sendo a voz que clama no deserto (Jo 1, 23), como profeta enviado de Deus, João pregava um batismo de conversão (At 13, 24), denunciava as violações da Lei sem fazer acepção de pessoas, por isso enfrentou a raiva dos poderosos sendo sempre perseguido. Como, por exemplo, quando enfrentou os fariseus e saduceus chamando-os de raça de cobras venenosas (Mt 3, 7). Assim, João estimula a ação profética da nossa própria vocação. 

A vocação de João é, para nós, exemplar. Já que, insere-o na comunidade para nela ser sinal de serviço e anúncio. Não há felicidade em uma vida que de nada serve, sem comprometimento. Assim, a vocação de João se revela a nós como exemplo de toda vocação, enquanto toda vocação é uma missão. Tal como João, que desde o ventre materno exultou de alegria na presença do Salvador (Lc 1, 41), também nós, somos escolhidos por Deus na missão específica de nossa vida, chamados a testemunhar com alegria a presença do Senhor no meio de nós.

A exemplo de São João Batista, homem justo e santo, nos tornemos anunciadores da Boa Nova, engajados nos caminhos do Senhor, sendo testemunhas da Verdade e da Luz para que, então, tenhamos a graça de dizer, de forma plena, como João Batista: “Eu vi e dou testemunho que Jesus Cristo é o Filho de Deus” (Jo 1, 34). Encerro esse breve artigo com dois antiquíssimos Hinos compostos na Paróquia São João Batista de Jaciguá em homenagem a seu padroeiro:

 

Ó SÃO JOÃO BATISTA

Ó São João Batista, de Deus precursor,

Pedimos que seja, para nós protetor.

Manda a nossos lares, 

os favores seus.

 

Ó São João Batista, Arauto de Deus.

Ó São João Batista, Arauto de Deus!

 

AO NOBRE ARAUTO DE CRISTO CANTEMOS

Ao nobre arauto de Cristo, cantemos,

ao precursor de Jesus, nosso Deus.

João Batista, o maior entre os homens,

que a todos mostra o caminho do céu.

 

Foi seu nascer de prodígios cercado.

O próprio Cristo o santificou,

e no deserto, por Deus preparado,

herói da fé, imortal se tornou.

 

Ó, salve herói, testemunha de Cristo,

este teu povo vem proteger,

vem ajudar os cristãos, teus devotos,

no amor de Cristo, hoje e sempre, viver!

 

 

Pedro Henrique De Angeli – 1º Ano de Teologia.