A Comunidade Santa Luzia, pertencente à Paróquia Nosso Senhor dos Passos, em Cachoeiro de Itapemirim, viveu no último sábado, 13 de dezembro, um momento marcante de fé, devoção e ação de graças ao celebrar o dia de sua padroeira e os 60 anos de fundação da comunidade. A data foi coroada com a Missa Solene presidida pelo bispo diocesano de Cachoeiro de Itapemirim, Dom Luiz Fernando Lisboa, CP, e concelebrada pelo pároco local, padre José Carlos Ferreira da Silva, reunindo fiéis, lideranças pastorais e comunidades convidadas que, ao longo dos dias, animaram as celebrações. A solenidade foi auxiliada pelo diácono Célio Veronez.

As comemorações tiveram início no dia 4 de dezembro, com a novena preparatória, que seguiu até o dia 12. Durante todas as noites, a comunidade se reuniu para celebrações da Palavra, sempre com a participação de comunidades convidadas, em um clima de oração, partilha e preparação espiritual para a grande festa.

No dia festivo, 13 de dezembro, a programação começou logo às 7h, com a Santa Missa presidida pelo pároco local, Pe. José Carlos Ferreira da Silva. Ao entardecer, às 18h30, os fiéis participaram da tradicional procissão com o andor de Santa Luzia, percorrendo as ruas do bairro Coronel Borges, testemunhando publicamente a devoção à padroeira e elevando preces por toda a comunidade. Às 19h, a Missa Solene, presidida por Dom Luiz, marcou o ponto alto das celebrações jubilares.

Durante a homilia, o bispo diocesano convidou os fiéis a refletirem sobre a vigilância e a conversão permanente, recordando as palavras de Jesus no Evangelho: “Vigiai e orai, pois não sabeis nem o dia nem a hora”. Inspirado na parábola das dez virgens, Dom Luiz Fernando destacou que a vida cristã não pode ser vivida de forma descuidada ou adiada, mas exige decisões concretas no presente. Segundo o bispo, a conversão é um processo que dura toda a vida, mas começa quando cada pessoa decide mudar hoje.

Ao abordar os mandamentos, Dom Luiz Fernando ressaltou que o centro de toda a Lei de Deus é o amor: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Quem ama, explicou, não mata, não oprime, não humilha e não pratica injustiças. É a partir desse amor que se compreende o verdadeiro sentido da fidelidade a Deus e o chamado a viver os valores do Evangelho no cotidiano.

Ao recordar Santa Luzia, padroeira dos olhos, o bispo destacou que, além da cura da visão física, os cristãos são chamados a pedir a graça de enxergar com os olhos do coração. Ele convidou a assembleia a refletir sobre quantas vezes as pessoas mais pobres e vulneráveis se tornam invisíveis na sociedade e quantas vezes Deus é ignorado na figura do próximo que sofre. Segundo Dom Luiz, ver de verdade exige abertura interior, humildade e disposição para mudar atitudes e comportamentos.

A homilia foi marcada também por um forte apelo contra a violência, especialmente a violência contra a mulher e o feminicídio. Dom Luiz Fernando recordou que Santa Luzia foi vítima de violência motivada pelo ciúme e pela recusa em se submeter a um casamento imposto, fazendo uma leitura atual do martírio da santa à luz da realidade vivida por muitas mulheres nos dias de hoje. O bispo chamou atenção para os alarmantes índices de feminicídio no Brasil e no Espírito Santo, denunciando todas as formas de violência — verbal, psicológica, física e patrimonial — e conclamando a sociedade e a Igreja a darem um basta a essa realidade.

Dirigindo-se de modo especial aos homens, Dom Luiz Fernando reforçou que não é possível ouvir a Palavra de Deus, participar da Eucaristia e, ao mesmo tempo, praticar a violência dentro de casa. Ele destacou a importância do diálogo, do respeito, da denúncia e da busca de ajuda diante de situações de agressão, lembrando que o silêncio contribui para que a violência se agrave. Em um momento marcante, o bispo conduziu a assembleia em um clamor coletivo pelo fim da violência contra a mulher e do feminicídio, reafirmando que essa prática é incompatível com o Evangelho.

Na oração dos fiéis, a comunidade apresentou a Deus seus pedidos e agradecimentos, de modo especial pelos 60 anos de história da Comunidade Santa Luzia. Foram recordados aqueles e aquelas que, ao longo das décadas, dedicaram suas vidas à construção da comunidade, lançando sementes de fé que continuam a dar frutos. A celebração eucarística foi vivida como ação de graças por tantas bênçãos recebidas e como renovação do compromisso de ser Igreja viva, solidária e missionária.

Ao final da celebração, os fiéis confiaram à intercessão de Santa Luzia o pedido de que Deus ilumine os olhos da mente e do coração, para que todos possam enxergar a realidade com verdade, justiça e amor, vivendo os mandamentos e sendo sinais de paz e esperança no mundo.

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