Pe. José Carlos Ferreira da Silva
Nas Comunidades Eclesiais de Base, há sempre aquele silêncio constrangedor quando alguém pergunta: “Quem pode assumir esse mistério, essa pastoral ou coordenação?” Olhares se desviam, pés se inquietam, e o pensamento é quase unânime: “Alguém mais preparado vai levantar a mão.”
Mas, e se Deus estiver esperando justamente você?
Você, que se sente pequeno demais. Que acha que não tem preparo, que não sabe falar bonito, que ainda está “aprendendo”. Você que sempre esteve no banco, ouvindo os outros servirem, enquanto o coração batia mais forte, mas o medo falava mais alto.
De repente, você pensa que não está pronto. A verdade? Ninguém está. Nem Moisés queria ir. Nem Maria sabia como seria. E, no entanto, eles disseram sim. E foi aí que tudo começou.
Coordenar um Conselho de Pastoral, comunitário ou paroquial, assumir um mistério, não é sobre saber tudo. É sobre permitir que Deus aja por meio de você. Não é sobre ter todas as respostas, é sobre estar disponível. É sobre confiar que, se Ele chama, Ele capacita. E que Ele age, mesmo (ou principalmente) na sua fraqueza.
Assumir uma coordenação é muito mais do que liderar reuniões. É ser ponte. É carregar junto. É aprender a cada passo. É deixar Deus escrever histórias através das suas mãos, mesmo quando elas tremem.
Tem gente esperando seu sim para também se levantar. Porque quando você assume, você inspira. Quando você diz “sim”, você abre caminho.
Então, se seu coração arde, ainda que discretamente, escute: não é à toa. Pode ser Deus te cutucando, chamando para sair do conforto. Convidando você a deixar de se esconder atrás do “não sei” e começar a viver o “eu confio”.
Não espere sentir que está pronto. Dê o passo. Deus faz o resto.
Deixe Ele agir por meio de você. E prepare-se: a sua entrega pode ser o início de uma transformação muito maior do que você imagina.