A manhã desta sexta-feira, 12 de dezembro, começou como qualquer outra na Rádio Diocesana FM 95,7, mas rapidamente se transformou em um marco inesquecível para a emissora e para toda a região. O estúdio, acostumado a receber histórias de fé, prestação de serviço e relatos cotidianos, vivenciou um acontecimento raro: o reencontro de irmãos gêmeos separados havia trinta e nove anos.
Ivan de Oliveira, 69 anos, morador de São Paulo, procurou a rádio como último recurso para encontrar sua irmã gêmea, Ivone de Oliveira, com quem perdera contato ainda na juventude. Ele não imaginava que, apenas um dia depois, viveria uma das emoções mais intensas de sua vida.
Ivan contou que sua última lembrança concreta de Ivone remonta a 1986, quando ambos moravam em Rosana, município no extremo oeste paulista. Depois disso, mudanças familiares, dificuldades financeiras, mudanças de cidade e a falta de meios de comunicação criaram um abismo que parecia impossível de atravessar. A única pista que guardava era uma informação dada por uma tia ainda na década de 1980. Com o tempo, ele tentou vasculhar caminhos, conversar com antigos conhecidos e, mais recentemente, buscar pela irmã na internet — sempre sem sucesso.
Durante a entrevista, Ivan falou com a voz embargada, revelando a mistura de ansiedade, esperança e medo de que Ivone jamais fosse encontrada. A equipe da Rádio Diocesana percebeu rapidamente que se tratava de uma história extraordinária. O caso mobilizou jornalistas, produtores e ouvintes, que começaram a compartilhar a informação nas redes sociais e a acionar conhecidos em diferentes regiões do país.
À medida que a história se espalhava, a emoção tomava conta do estúdio. Ivan dizia que, apesar do tempo e da distância, jamais deixou de sentir a presença da irmã gêmea em sua vida. “É como se faltasse uma parte de mim”, comentou, visivelmente abalado. A sensibilidade de suas palavras tocou a todos, e a atmosfera no estúdio tornou-se de expectativa e oração silenciosa por um desfecho positivo.
Minutos depois, a jornalista Anna Paula Bonatto conseguiu um contato promissor: uma mulher no Rio de Janeiro, chamada Ivone de Oliveira, que correspondia às informações fornecidas por Ivan. A equipe não perdeu tempo. Organizou uma chamada de vídeo, sem revelar de imediato a surpresa, e perguntou a Ivone se ela tinha irmãos. Ela confirmou, emocionada, que havia perdido contato com eles há muitos anos. “Eu nunca deixei de procurar”, contou, explicando que chegou a usar a internet na tentativa de reencontrá-los, embora tivesse apenas uma antiga foto como lembrança.
Então veio o momento decisivo. A jornalista perguntou gentilmente:
“Dona Ivone, a senhora gostaria de rever seu irmão agora?”
Surpresa, Ivone mal conseguiu responder. Quando a tela se abriu e Ivan apareceu, o estúdio da rádio se encheu de lágrimas — dos irmãos, da equipe e de muitos ouvintes que acompanhavam o Diocesana Notícias, radiojornal da emissora. Durante alguns segundos, nenhum dos dois conseguiu falar. Apenas se olharam, como se o tempo tivesse se curvado diante daquele reencontro tão aguardado.
Logo vieram as palavras, carregadas de emoção:
“Meu Deus… Ivan?”, disse Ivone, levando as mãos ao rosto.
“Sou eu, minha irmã… depois de tanto tempo”, respondeu ele, emocionado.
A conversa que se seguiu foi marcada por memórias da infância, relatos de perdas e vitórias, e um profundo sentimento de gratidão. Ivone contou que, ao longo dos anos, sempre acreditou que algum dia voltaria a falar com o irmão gêmeo. Disse também que a família inteira torcia por esse reencontro, embora muitos já não soubessem mais por onde procurar.
Os ouvintes da Rádio Diocesana enviaram dezenas de mensagens, muitos relatando que estavam chorando junto com os irmãos. A história repercutiu intensamente porque, em um mundo marcado pela correria e pela tecnologia, ela lembrou a todos o poder humano do rádio — essa ferramenta tradicional que ainda é capaz de unir pessoas que o destino separou.
Para Ivan e Ivone, o reencontro virtual já foi um milagre. Mas um segundo momento promete emocionar ainda mais: o abraço presencial, que está sendo planejado pela família para o Réveillon de 2026.
A equipe da Rádio Diocesana encerrou a transmissão afirmando que momentos como aquele justificam toda a dedicação ao jornalismo comunitário, capaz de transformar vidas. O dia ficará registrado na história da emissora como prova de que o rádio continua sendo uma ponte poderosa — uma ponte que atravessa o tempo, reconecta almas e devolve esperança a quem nunca deixou de acreditar.
E, para os irmãos gêmeos separados por quase quatro décadas, a vida acaba de recomeçar.
Fotos

