O caminho proposto pelo Papa Francisco: acolher, acompanhar, discernir e integrar.

Dom Luiz Fernando Lisboa C.P

 

No coração da proposta pastoral do Papa Francisco, encontramos quatro verbos que traduzem a alma de uma Igreja viva, misericordiosa e em saída: acolher, acompanhar, discernir e integrar. Esses verbos, mais do que conceitos, expressam atitudes concretas que a Igreja é chamada a viver no cuidado com cada pessoa, especialmente aquelas que mais sofrem. Ele usou esses verbos para nos orientar em relação aos imigrantes e migrantes, mas podemos usá-los na evangelização em geral.

Acolher é o primeiro passo. É o gesto inicial de quem abre as portas, escuta sem julgar e oferece um espaço seguro para o outro existir. Acolher é permitir que o outro se sinta visto, ouvido e amado. É olhar com ternura, reconhecer a dignidade de cada ser humano e derrubar os muros da indiferença ou do preconceito. Para o Papa Francisco, a acolhida é o ponto de partida para todo caminho de evangelização e conversão. Uma Igreja que acolhe é uma Igreja com o rosto de Cristo: aberta, próxima e compassiva.

Acompanhar vem logo em seguida. Não basta acolher por um momento e deixar o outro seguir sozinho. Acompanhar é caminhar junto, com paciência e solidariedade, especialmente nos momentos difíceis. É o cuidado contínuo que não se apressa, não se impõe, mas respeita o ritmo da vida e da fé de cada pessoa. O Papa nos recorda que o acompanhamento deve ser feito com delicadeza, como quem sabe que pisa em solo sagrado: a alma do outro.

Discernir é o terceiro passo e talvez o mais exigente. Trata-se de escutar com profundidade o que Deus quer dizer no meio das circunstâncias da vida. É uma escuta orante, que busca luz e clareza para tomar decisões segundo o Evangelho. O discernimento não é uma receita pronta, mas um processo espiritual que exige silêncio, oração e confiança no Espírito Santo. É também o caminho da verdade, que evita tanto o rigorismo frio quanto o relativismo superficial.

Por fim, integrar é o verbo que fecha esse caminho, e que aponta para uma Igreja que não exclui, mas abraça. Integrar é incluir na vida eclesial aqueles que, por diversos motivos, se sentem ou foram colocados à margem. É reconhecer que a graça de Deus age também nas imperfeições e que ninguém deve ser privado do amor da Igreja. Para o Papa Francisco, integrar não significa ignorar a verdade, mas permitir que a verdade caminhe de mãos dadas com a misericórdia.

Esses quatro verbos — acolher, acompanhar, discernir e integrar — desenham o rosto de uma Igreja próxima, humana e samaritana. Uma Igreja que não aponta o dedo, mas estende a mão. Que não constrói muros, mas pontes. Que não teme a complexidade da vida, mas confia na ação do Espírito que guia cada história com amor.

Mais do que palavras, são caminhos. E ao trilhá-los, tornamo-nos uma Igreja cada vez mais fiel ao Evangelho e à missão de ser sinal do Reino de Deus no meio do mundo.
Obrigado, querido Papa Francisco!

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Autor:

Dom Luiz Fernando Lisboa

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