Entre os dias 4 e 7 de novembro, os padres e religiosos da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim participam da Formação Permanente dos Presbíteros, realizada na Casa de Retiros “Mãe da Igreja”, em Jerônimo Monteiro. O encontro, que acontece anualmente, é um tempo dedicado à oração, estudo e renovação espiritual, reafirmando o compromisso dos presbíteros com a missão de servir.

A Formação Permanente é uma exigência intrínseca do ministério sacerdotal. Como afirma o documento Pastores Dabo Vobis (n. 70), “a formação permanente é uma exigência do próprio dom e do ministério sacramental recebido”. Num contexto social em constante transformação, é essencial que o padre esteja preparado para dialogar com a realidade contemporânea e iluminá-la com o Evangelho, fortalecendo sua vocação e comunhão com o clero diocesano.

Logo na abertura do encontro, na terça-feira, 4, os presbíteros participaram de uma manhã formativa sobre “Autocuidado e Clínica Médica”, conduzida pelo Pe. Marcelo Valentim de Oliveira, MI, sacerdote camiliano e médico. O tema despertou reflexões profundas sobre a necessidade de cuidar da saúde física, emocional e espiritual — um aspecto que, muitas vezes, passa despercebido na vida pastoral intensa dos padres.

Segundo o padre Marcelo, a proposta foi oferecer um olhar integral sobre o cuidado com a vida. “Foi uma satisfação muito grande ter vindo a esse encontro do clero de Cachoeiro de Itapemirim para falar sobre autocuidado, prevenção e as formas de se preparar, cuidando da saúde física, espiritual, psicológica e social, para bem servir a comunidade dos fiéis”, afirmou. “Passamos uma manhã muito proveitosa, interativa, com partilhas e testemunhos. Falamos sobre a importância de cuidar da saúde para continuar exercendo bem a missão. Que Deus continue nos guiando por esses caminhos de fé, esperança e amor.”

Como fruto concreto dessa formação, o sacerdote camiliano apresentou uma proposta de acompanhamento médico estruturado para os presbíteros da diocese. “Surgiu a possibilidade de cada padre continuar o acompanhamento com seu médico de confiança, mas com o apoio de um médico coordenador de cuidados, que fará um relatório da saúde de cada um”, explicou Pe. Marcelo. “Esse prontuário será pessoal e sigiloso, acessível apenas pelo próprio padre e, se necessário, pelo médico que o atender. Assim, o acompanhamento se tornará mais rápido e eficaz, com diagnósticos precisos e maior tranquilidade em situações de emergência.”

O vigário-geral da diocese, padre Antônio Tatagiba Vimercat, destacou que essa proposta vai ao encontro de uma preocupação crescente entre os padres: “Cuidar bem da saúde é uma questão de fé. No livro dos Atos dos Apóstolos, há uma passagem que diz: ‘Cuidai de vós mesmos para poderdes cuidar do rebanho que vos foi confiado’. Esse cuidado com a saúde vem crescendo entre nós, os presbíteros. Temos uma vida estressante, agendas cheias, muitos deslocamentos, e isso interfere diretamente na nossa disposição e equilíbrio. Por isso, o trabalho do Pe. Marcelo é muito importante. Vamos fazer relatórios bem organizados, com acompanhamento médico, para termos mais segurança e servirmos melhor ao povo de Deus.”

O padre ressaltou ainda a importância de integrar esse cuidado à Pastoral Presbiteral, que acompanha mais de perto as necessidades dos padres: “Queremos que esse trabalho se torne contínuo. Quando um padre passar mal, teremos um relatório em mãos, e o acompanhamento será mais rápido e seguro. É uma forma concreta de exercer a caridade entre nós.”

O padre Josimar Azevedo Pirovani, representante dos presbíteros da diocese, também enfatizou que o autocuidado está intimamente ligado à missão: “Para o bom serviço, é necessário o cuidado pessoal. Vivemos numa cultura que tende a não cuidar — da natureza, do outro, de si mesmo. O presbítero é um cuidador, mas precisa aprender a cuidar de si também, e isso em vista da missão. O cuidado que o padre tem consigo mesmo é, em última instância, um ato de amor à Igreja e ao povo que ele serve.”

O sacerdote destacou ainda a importância de criar consciência preventiva entre os padres e seminaristas: “Nosso clero é composto por padres jovens, de meia idade e mais idosos. Cada faixa etária tem suas necessidades, e todas exigem atenção. Hoje demos destaque à dimensão física, mas o cuidado precisa ser integral — corpo, mente e espírito.”

Para o padre Marcelo, essa consciência é essencial, especialmente porque muitos padres vivem sozinhos e longe de suas famílias. “Quem acompanha o nosso histórico de saúde, na maioria das vezes, é um irmão presbítero. Por isso, ter um relatório médico bem feito é fundamental. Se eu confiar esse histórico a um colega ou ao médico de referência, o atendimento se torna mais rápido e eficaz. Assim, evitamos complicações e garantimos o cuidado certo na hora certa.”

O bispo diocesano, Dom Luiz Fernando Lisboa, CP, explicou que o tema trabalhado nesta formação é fruto de um processo iniciado anteriormente, com acompanhamento especializado.

“Fizemos um trabalho acompanhado pelo psicólogo Dr. William Castilho, de Belo Horizonte, que realizou um diagnóstico conosco, apontando nossos pontos fortes e os aspectos que precisamos melhorar. A partir disso, a coordenação dos presbíteros iniciou um caminho de reflexão e amadurecimento, que agora estamos aprofundando neste encontro”, explicou o bispo.

Dom Luiz destacou que um dos passos concretos desse processo é justamente o cuidado com a saúde.

“Estamos refletindo sobre a necessidade do cuidado preventivo, de incorporarmos atitudes saudáveis em nossa vida e de cuidarmos uns dos outros. Foi uma manhã muito rica, e todos participaram com entusiasmo. Rezamos para que esse processo continue, e que, bem formados e bem cuidados, possamos servir melhor o nosso povo”, completou o bispo diocesano.

A programação da Formação Permanente segue até sexta-feira, 7, com momentos de oração, celebrações, estudos teológicos e confraternização, sob assessoria do Pe. Aquino Júnior. O encerramento será marcado pela Eucaristia às 11h e o almoço de despedida.

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