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13.12.2016

Quarto Domingo do Advento


Is 7,10-14 / Sl 23 / Rm 1,1-7 / Mt 1,18-24

 

A promessa do sinal, a justiça de José e o nome de Jesus

 

No quarto domingo do Advento, as luzes do natal se intensificam e se torna claro que o Deus conosco, o Emanuel, já está às portas. As figuras da liturgia desse domingo ressaltam o fio condutor, que tem servido de indicação para o caminho nesse período de advento que é: Deus é fiel. Nesse sentido, é possível perceber que existe uma promessa no sinal apresentado pelo profeta Isaías na primeira leitura, que é ressaltada no nome dado ao filho de Deus, nascido da virgem. Ao mesmo tempo, a figura de José resplandece como um homem justo, capaz de reconhecer a vontade de Deus e de conduzir a sua vida segundo a mesma.

 

A fidelidade de Deus é o sentido desse advento. De fato, desde o primeiro domingo a liturgia deseja comunicar essa verdade, indicando sempre a fidelidade de Deus às suas promessas. Na primeira leitura, num momento de crise no reinado do rei Acaz, descendente de Davi, o profeta Isaías surge como porta-voz de uma promessa. O rei, preocupado com a possibilidade de perder seu poder, desejava aliar-se a uma potência estrangeira para garantir a força necessária para combater seus inimigos. O profeta, por sua vez, manifestando uma grande confiança em Deus, exorta o rei a esperar no Senhor e não se esquecer da promessa feita à casa de Davi. Acaz manifesta-se dizendo não desejar um sinal que não possa ser medido pela capacidade e pela força humana, por isso não quer acolher nenhum sinal da parte de Deus. Desse modo, a reprovação do profeta ressalta uma grande verdade: a estabilidade do homem, da família, do reino e da igreja não está baseada na força e no poder humanos, mas na fé. Somente Deus é aquele que continua sempre fiel e, por isso, o sinal dado por ele carrega sem si toda a esperança que Israel precisava. Ao rei Acaz e a toda a sua descendência foi oferecido por Deus um sinal frágil e paradoxal: um menino que nasceria de uma virgem. Tal sinal não evoca a força militar e nem a potência das armas, mas é cheio de possibilidade e de vida, carrega em si uma imensa fragilidade, mas, por outro lado, é cheio de esperança. Esse menino que nasce frágil e simples no natal é capaz de comunicar uma alegria sem igual, pois indica o caminho da renovação da vida e a possibilidade de um novo início para todos os que o acolhem. Ele é o Deus Conosco, o Emanuel, aquele que permanece fiel, mesmo quando aos homens faltam as forças e a coragem diante das dificuldades próprias do caminho de cada um.

 

Em face às dificuldades apresentadas na primeira leitura presentes na figura do rei Acaz em compreender os caminhos do Senhor, o evangelho, por sua vez, apresenta a figura de José, homem justo, capaz de assumir em sua vida a vontade e os desígnios de Deus. Ele é definido com palavras muito simples, mas cheias de significado dentro do universo bíblico: José era justo. Um homem simples, que foi chamado a reconhecer em sua história os caminhos de Deus diante do escândalo de uma vida escondida no ventre daquela que lhe tinha sido prometida como esposa, sem que ele tivesse participação no fato. A sua justiça está fundada em sua fidelidade a Deus, mesmo diante de situações que fugiam ao seu conhecimento e à sua compreensão. José desejou os caminhos de Deus e à sua vontade mais do que qualquer outra coisa em sua vida, e nessa estrada sempre caminhou. Nesse sentido, é ressaltada a diferença entre Acaz e José: o primeiro confiou em suas forças e preferiu os seus caminhos, já o segundo, colocou a sua total confiança na Palavra do Senhor e escolheu livremente a estrada que o Senhor lhe indicara. Sendo assim, a noite do sonho de José é a noite do justo, pois ele abandona os seus projetos pessoais para dar espaço ao projeto divino de salvação para toda a humanidade. Por isso, pode-se dizer que, depois de Maria com seu sim total, foi José o segundo a acolher o Deus conosco, o Emanuel, o Deus fiel às suas promessas, aquele que permanece ao lado de seu povo. Desse modo, a atitude de José se torna modelo para todos os que desejam cumprir a vontade de Deus, principalmente quando os caminhos do Senhor são diferentes daqueles que se pensava escolher. Desejar o caminho do Senhor e nele conduzir a vida é um desafio para todos os que são chamados a serem discípulos do Emanuel, do Filho de Deus nascido no natal. Entretanto, quem escolhe fazer a vontade de Deus nunca caminha sozinho, não conta somente com as suas forças e nem é desamparado, mas sabe-se acompanhado por aquele que é fiel e o permanece para sempre.

 

Quando se celebra o quarto domingo do advento, já é possível ouvir os louvores próprios da noite de natal, as luzes ao redor se tornam ainda mais vibrantes e vivas, e os corações já estão ansiosos para celebrar o nascimento do Filho de Deus. De fato, na liturgia desse domingo já se escuta o nome daquele que nascerá do seio virginal de Maria: o seu nome é Jesus. Na primeira leitura, o profeta Isaías indica que o sinal oferecido por Deus ao povo de Israel será um menino que terá o nome de Emanuel; tal afirmação aparece também no final do texto do evangelho proclamado. No oriente antigo, o nome exprime a identidade de quem o traz, isto é, ressalta o desejo e a missão divina para aquela determinada pessoa. Sendo assim, ao ser chamado Jesus, o Filho de Deus, carrega em si a missão de ser o salvador, aquele que traz sobre os ombros a missão de conduzir a todos ao amor misericordioso do Pai. O nome Jesus é bastante comum na história de Israel e, quando proposto, ressaltava a presença do Deus que salva, liberta e cura o seu povo. A missão de Jesus, seus gestos, atitudes e palavras foram sempre manifestação clara do desejo de Deus em salvar o seu povo e conduzi-lo à comunhão perdida e à vida plena. Em tudo ele procurou ressaltar e resgatar o valor da vida, por meio da defesa dos pequenos e pobres, daqueles que estavam excluídos e marginalizados. No evangelho, ao lado do nome Jesus, foi dado também ao Filho de Deus o nome de Emanuel, aquele que está sempre próximo do povo e é fiel, apesar das suas infidelidades. Existe nesse nome uma promessa de consolação e fidelidade, já que ressalta a força da presença de Deus junto daqueles que ele escolheu. Deus será sempre um Deus com os homens e pelos homens, isto é, o seu desejo de escolher viver junto dos homens não muda, suas promessas continuam sempre presentes e vivas, apesar dos descaminhos próprios da humanidade. Assim, cabe ao homem acolher tal promessa e procurar viver segundo a verdade nela contida, ou seja, acolher Deus que deseja caminhar junto dos que escolheu e salvou. Neste sentido, ao aderir à vontade de Deus, o homem se tornaria sinal do Deus conosco, luz no mundo e portador de vida, convidando a todos a acolherem aquele que desejou estar presente no mundo por ele criado.

 

Neste natal todos são convidados a receber o Deus que salva e permanece sempre presente, de modo que tal acolhida se transforme em seguimento e discipulado. Aquele que se torna discípulo de Jesus acolhe para si a missão do Mestre, se torna sinal de salvação e sinal da presença de Deus, principalmente junto dos que mais precisam.

 

Que o convite em acolher o Emanuel ressoe nos ouvidos e nos corações de todos nesse quarto domingo do advento, de modo que a fidelidade do sinal oferecido seja capaz de suscitar em todos o desejo de caminhar de modo justo diante daquele que é a salvação de Deus, o Emanuel.

 

Pe Andherson Franklin Lustoza de Souza

 

 

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