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07.06.2017

Domingo da Santíssima Trindade - 11/06/2017


(Êx 34,4b-6.8-9 / Ct. Dn 3,52-56 / 2Cor 13,11-13 / Jo 3,16-18)

 

A fidelidade de Deus - O amor que salva - A comunhão que nasce na Trindade

 

Na liturgia da Solenidade da Santíssima Trindade a Igreja se coloca diante do mistério de Deus, diante de sua majestade e grandeza, ao mesmo tempo que é acolhida em sua intimidade e amor. Deus é totalmente outro, aquele que por sua santidade é reverenciado, mas ao mesmo tempo é o totalmente próximo, que por seu amor se deixa encontrar por todos. Por isso, na liturgia é ressaltada a Aliança de Deus com o seu povo escolhido, um compromisso que se confirma apesar da infidelidade dos filhos de Israel. No Evangelho, apesar dos poucos versículos, a primeira leitura é confirmada, já que o autor ressalta o amor de Deus que é fonte de salvação e não de condenação. O discípulo de Cristo é formado para a comunhão com os irmãos e irmãs, por meio de sua intimidade e convivência no seio da Trindade, escola da comunhão e fraternidade. 

 

Em toda a Sagrada Escritura, particularmente no Primeiro Testamento, encontra-se o convite a viver na presença de Deus, diante da face de Deus. De fato, tal convite expressa o desejo de Deus de que os seus vivam em sua presença, mesmo marcados pela contínua busca daquele que, por vezes, aparentemente, está ausente. Nessa contínua busca, entre a ausência fecunda e a presença manifesta de Deus, é que o fiel é chamado a viver. Desse modo, a primeira leitura é expressão clara desse diálogo, sendo que Moisés manifesta o seu desejo de caminhar com o Senhor, ao mesmo tempo que pede a sua companhia apesar dos pecados de seu povo. A alegria do encontro, nessa busca constante da face de Deus, enche os corações daqueles que continuam na busca do Senhor. Tal comunhão é possível graças á fidelidade divina de um Deus que é sempre fiel à sua Palavra e às suas promessas. Por isso, é possível ao homem, apesar de seus pecados e transgressões, viver na presença de seu Criador, caminhar diante da face de Deus. A garantia que o homem tem de sempre ser acolhido diante de Deus é a sua fidelidade, isto é, Deus não pode rejeitar o seu povo, sendo que decidiu escolhê-lo para si como herança. Nesse caso, o pedido de Moisés serve de uma recordação, não para Deus, apesar de ser uma oração a ele dirigida mas, sobretudo, ao povo a fim de que, jamais se esqueça que será sempre acompanhado pela face amorosa de Deus.

 

A fidelidade divina é novamente confirmada nos poucos versículos do Evangelho deste domingo, no qual o evangelista confirma que o amor de Deus salva e não condena. No evangelho está presente o mistério do insondável e infinito amor de Deus, que ultrapassa toda a compreensão humana e vai além dos limites esperados. De fato, ao ressaltar a força do amor divino o evangelista indica a sua extensão, o coloca como razão primeira da acolhida dos pecadores e o amor incansável de Deus na direção de seus filhos e filhas. Em todo o quarto Evangelho, as ações de Jesus, seu cuidado para com os pequenos e pobres, os doentes e pecadores são manifestações claras do amor do Pai. "Quem me vê, vê o pai", disse Jesus a Felipe, isto é, o amor com o qual Ele amou os seus que estavam no mundo, amando-os até o fim, foi o mesmo amor que Ele recebeu do Pai. Jesus comunica aos seus discípulos a intimidade do Pai quando manifesta o seu amor sempre fiel e constante, apesar dos pecados e transgressões de seus filhos. Sendo assim, na relação de intimidade com Jesus e na comunhão vivida em seu amor derramado abundantemente nos corações de seus discípulos, é que os mesmos são formados no caminho da salvação. Ou seja, abraçam o seu seguimento na certeza de que sempre serão acompanhados por esse amor maior e infinito, que supera e apaga totalmente toda a culpa daqueles que a Ele se unem. Por isso, o Evangelho confirma a primeira leitura, propondo o amor de Deus como sinal de sua fidelidade à Palavra proferida, à Aliança concluída com o seu povo eleito. Os discípulos de Jesus são introduzidos na intimidade e comunhão plena com o Pai, por meio do seguimento de seu Filho. Nessa relação de amizade com o Mestre, os mesmos discípulos passam a ser sinais desse amor recebido, comunicando aos outros os frutos da comunhão nesse amor que salva e não condena.

 

Nessa comunhão do amor divino que salva são formados os verdadeiros discípulos de Cristo, capazes de levar ao mundo e comunicar a todos o verdadeiro amor que de Deus receberam. A intimidade com a Trindade é a escola do amor fraterno, espaço de comunhão com o Senhor e convite de comunhão com os irmãos. Na segunda leitura o Apóstolo Paulo ressalta a necessidade do esforço e do trabalho contínuo que cada um que deseja ser discípulo de Cristo deve realizar. De fato, a comunhão fraterna e o amor entre os irmãos nascem e são fortalecidos na intimidade de cada um com o Senhor. Nessa relação profunda de amizade e constância diante da presença de Deus é que são formados para a vivência do amor os chamados aos discipulado missionário. Aqueles que foram mergulhados nesse amor que salva e não condena, sinal da fidelidade divina, crescem na comunhão com os irmãos e são capazes de viverem por meio de laços de sincera fraternidade. Por isso, o apóstolo ressalta que existe um caminho a ser trilhado a fim de que a verdadeira comunhão seja estabelecida, a mesma é fruto da graça de Deus e do esforço contínuo dos irmãos da comunidade. Sendo assim, os laços da comunhão fraterna, manifestos por meio de uma partilha solidária e uma sincera, concreta e constante preocupação e cuidado com os irmãos da comunidade são frutos da comunhão com o Senhor. Ao mesmo tempo em que a comunhão com o Senhor é verificada no compromisso solidário e amoroso entre os irmãos da comunidade dos discípulos missionários.    

 

Que a liturgia da Solenidade da Santíssima Trindade seja um convite à intimidade com o Senhor que se deixa encontrar e convida à comunhão com Ele. A fim de que, tocados pelo amor fiel e constante do Senhor, que não se cansa de perdoar e acolher a todos que Dele se aproximam, sejam todos marcados pelo selo da fidelidade divina. Ao experimentar tão grande amor os discípulos de Cristo sejam formados na escola desse amor maior e se tornem testemunhas vivas desse mesmo amor. Que a celebração desta liturgia conduza todos á comunhão com o Senhor e desperte o desejo sincero da comunhão fraterna com os irmãos, fruto do amor de Deus derramado em seus corações.

 

Pe Andherson Franklin Lustoza de Souza

 

 

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