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15.08.2017

Solenidade da Assunção de Maria - 20/08/2017


(Ap 11,19a; 12,1.3-6a.10ab / Sl 44 / 1Cor 15,20-27a / Lc 1,39-56)

 

O cuidado de Deus - A nova criação - A esperança para os pobres

 

A liturgia da Solenidade da Assunção de Maria deve ser compreendida em seu aspecto mais profundo, que não somente diz respeito à importância e valor da Mãe do Salvador, mas além disso, aponta para o fato de que o seu destino é compartilhado por toda a comunidade dos discípulos de Cristo. Na verdade, quando Deus chama uma pessoa para uma missão especial, na Sagrada Escritura, tal vocação não é exclusiva daquele que foi chamado, mas atinge todo o povo. Isso significa que a experiência de Maria, seu chamado e missão abraçam toda a comunidade de Israel e todos os cristãos, esses nascidos pela fé no seu Filho, o Salvador da humanidade. A Assunção de Maria significa a sua salvação plena e definitiva, como Mãe de Jesus, ela participa integralmente do destino de seu Filho. Ao mesmo tempo que, como filha do povo eleito, ela se torna modelo da comunidade dos eleitos, que contempla em Maria a sua vocação e o seu futuro.

        

Celebrando a presença de Maria, sinal claro do cuidado de Deus com o seu povo eleito, a liturgia ressalta alguns pontos importantes a serem levados em consideração, o primeiro é o cuidado de Deus que é apresentado na primeira leitura, o segundo é a nova criação descrita por Paulo na segunda leitura e, por fim, a esperança para os pequenos e pobres presente no Magnífica, cantado por Maria.

        

A leitura do livro do Apocalipse para que seja compreendida faz-se necessário a interpretação dos símbolos nela presentes. De fato, o universo simbólico do livro é a chave de assimilação de sua mensagem, cheia de esperança, marcada pela percepção do cuidado de Deus para com os seu povo eleito. A mulher pronta para dar a luz ao seu filho é um modelo, antes de mais nada, que diz respeito a toda a humanidade, a quem foi confiado do dom da vida, mas também, representa a Igreja, chamada a dar a luz a novos filhos e filhas pela fé. O parto e as dores do mesmo são sempre o sinal do novo que vem e da dificuldade de fazer surgir a novidade desejada por Deus em meio a história dos homens. O filho que nasce, nas dores do parto e na turbulência da vida, é o sinal autêntico da esperança e do cuidado de Deus para com os seus. Já o dragão, símbolo que evoca os grande mitos da humanidade é extremamente maior que a mulher, é a personificação das forças do mal, dos inimigos do homem e de suas esperanças, contrário à força vital que a mulher traz em seu ventre. O dragão recorda também a serpente do Gênesis que era a expressão de tudo o que rouba do homem a comunhão plena no projeto de vida de Deus para seus filhos e filhas,  aquele que quer impedir a  realização do plano de amor de Deus. Todavia,  diante de tamanha desproporção existente entre a mulher, que está para dar à luz, e o imenso dragão, Deus se manifesta e vem em socorro da mulher e de seu filho recém-nascido. Em sua misericórdia, o Senhor eleva os olhos dos homens para o futuro e garante o seu cuidado e proteção, seu amparo e auxílio a todos os que desejam cumprir a sua vontade e, por isso, se esforçam em trazer o novo para a história da humanidade. O dragão não vencerá em sua luta contra a mulher, ao contrário, seu filho e ela mesma serão salvos, protegidos pelo cuidado sempre fiel de Deus, que vem em socorro daqueles que chama e convida para si, daqueles que desejam colaborar com o Senhor, pela palavra e pela vida, na geração da nova criação.

        

Na segunda leitura, o apóstolo Paulo aponta para a nova criação que é instaurada com a morte e ressurreição de Cristo. De fato, ao afirmar isso, Paulo indica que a redenção da humanidade diz respeito a todos os aspectos e dimensões da vida humana, isto é, abraça a vida do homem em sua totalidade. Nesse caso, não se pode separar o que foi salvo daquilo que ainda não o foi, ou seja, enquanto houver doença, fome, miséria, violência, enfim, em todos os lugares onde a morte ainda se faz presente, ali a salvação ainda precisa chegar, ali Cristo precisa chegar. Pois, com a sua ressurreição, o Senhor delineia a reintegração total de toda a obra da criação segundo o desejo e o plano divino. Ao criar o homem, Deus não o cria isento de imperfeições, mas em seu plano de amor e salvação, o abraça e acolhe em sua infinita misericórdia. Ele deseja abraçar a humanidade em suas imperfeições, a fim de que todos sejam elevados e transfigurados em Cristo. Desse modo, fica claro que a nova criação nasce no amor e misericórdia divina, que são uma força contra a qual nada nesse mundo pode vencer. Ao abraçar o homem caído pelo pecado, marcado ainda pela violência e pelo mal, Deus confirma a sua promessa e mantém firme e sua Palavra, algo que é visto, de modo claro, no Magnífica cantado por Maria.

        

O texto do Evangelho de Lucas proposto para a Festa da Assunção de Maria traz duas figuras importantes, simbólicas e significativas para toda a história da Salvação: Maria e Isabel. Quando nossos olhos se pousam sobre essas duas figuras do Evangelho aparecem muitos detalhes que as separam: Maria era jovem e virgem, prometida em casamento, era pobre e vivia muito longe de Jerusalém, na cidade de Nazaré. Isabel, por sua vez, era idosa e casada, sem filhos, esposa de um sacerdote e, por isso, de condição financeira considerável, além de morar próximo a Jerusalém. Num primeiro olhar, aparentemente, muitas coisas as distanciavam. Todavia, apesar de tal distância aparente, eram unidas pela consciência de que a criança que cada uma trazia no ventre era um dom de Deus, ambas sabiam que estavam grávidas pela ação divina, por pura graça e bondade de Deus. Esse detalhe, que não é pequeno, não pode passar despercebido, é ele que explica o encontro das duas mulheres, bem como, a alegria e esperança que nele as duas experimentam. Seja pela exclamação de Isabel, assim como pelo canto de Maria, fica clara a certeza de que as duas foram agraciadas e reconhecem o dom recebido de Deus, que vem em auxílio dos pequenos e pobres.

        

Logo no início do texto bíblico, vemos Maria deixando apressadamente a sua casa na direção da casa de Isabel. A atitude indica uma fé disponível, comprometida e cheia da alegria do anúncio que se leva. Ao receber a notícia de ser mãe do Salvador, o coração de Maria, que acreditou nas palavras do anjo e disse sim, torna-se cheio do Espírito e, por isso, capaz de comunicar a alegria da salvação. A imagem de Maria apressada nas estradas que conduziam à Judeia quer nos comunicar a urgência da Salvação presente no Evangelho de Lucas, o hoje da salvação tantas vezes repetido no texto evangélico (Lc 2,11; 19,9; 23,43). Um anúncio que deve ser levado a todos e comunicado com alegria e esperança aos pequenos e pobres, pois é fruto de uma experiência de fé daqueles que acolhem o Salvador em suas vidas e dele se tornam discípulos e discípulas missionários.

        

Assim foi Maria junto à sua prima Isabel que, ao receber a presença, a saudação de Maria, ficou repleta do Espírito Santo, isto é, cheia da graça de Deus. Ao ser invadida por tamanha graça, Isabel louva a Deus por ter realizado imensa obra para com o povo eleito e canta a bem-aventurança de Maria: "Bem-aventurada aquela que acreditou..." Maria traz no ventre o Salvador, e o seu sim a Deus a tornou participante da história da salvação, tornando-a a Mãe do Salvador. Ao comunicar a Isabel a alegria de ter acolhido o Salvador, Maria se torna discípula missionária, cantando a promessa de Deus, que visita o seu povo, o liberta e estende o seu cuidado sobre todos os excluídos e esquecidos da história.

        

No Magnífica, o canto que sai do coração de Maria inflamado pelo Espírito Santo, vemos expressa toda a esperança de Israel, sua confiança inabalável no Deus da Aliança, que olha com compaixão e bondade para aqueles que mais precisam e os conduz no caminhos da história. Ela canta a certeza de que Deus mesmo toma o seu povo pelas mãos e o conduz ao afirmar que a salvação será plena por meio daquele que irá nascer, o Filho de Deus. Maria é discípula, comunicadora da Boa Notícia da salvação, portadora de Cristo, sinal claro para toda a comunidade dos discípulos missionários chamada a seguir os passos da Mãe de Jesus, da Mãe da Igreja.  A vontade de Deus para Maria foi a de realizar nela a sua obra de salvação, tornando-a Mãe do Salvador, portadora de um grande anúncio e de uma imensa alegria para toda a humanidade: Deus visitou o seu povo, a sua vinha. A fé disponível de Maria é um exemplo para todos os discípulos e discípulas do Senhor, hoje, de que devem se apressar em levar aos irmãos e irmãs a grande alegria que têm nos corações. Da mesma forma que Maria comunicou a Isabel a alegria da salvação, tornando o coração de Isabel cheio do Espírito Santo, assim seja o anúncio dado aos nossos irmãos e irmãs. Que os gestos de solidariedade e partilha, comunhão e perdão, justiça e verdade, afastamento do mal e compromisso com a vida sejam a marca desse anúncio que, a exemplo de Maria, todos são convidados a proclamar. Que o canto de Maria, marcado por uma esperança de tempos novos para todos, particularmente para os que mais precisam, os pobres e excluídos, seja cantado e vivido por todas as Comunidades Eclesiais de Base, chamadas a levar com alegria o anúncio da salvação, principalmente pela concretude dos sinais que seguem este alegre anúncio.

        

Que a liturgia da Solenidade da Assunção de Maria confirme, na comunidade que celebra, a certeza do cuidado de Deus sempre presente, mesmo em meio às grandes tribulações na vivência dos valores do Evangelho. A fim de que o novo, tão desejado por Deus e tão necessário para o mundo, possa ser gerado no coração das Comunidades Eclesiais de Base e em seus membros, chamados a serem discípulos missionários, anunciadores alegres do Evangelho, à exemplo de Maria. Desse modo, a nova criação, instaurada pela morte e ressurreição de Cristo, será o ponto de partida e de chegada de toda ação evangelizadora e missionária. De modo que, seguindo os passos apressados de Maria, todos assumam com alegria a sua vocação e missão, de ser sinais do cuidado e amor de Deus, principalmente junto aos pequenos e pobres.

 

Pe Andherson Franklin Lustoza de Souza

 

 

17/08/2017 - MARIA LÚCIA

GOSTARIA QUE FOSSE MAIS DETALHADA,COM MENOS COMENTÁRIOS,BOA, MAS MUITO GRANDE,PODERIA SER MAIS SIMPLIFICADA,PARA MELHOR COMPREENSÃO.E COM PONTOS CHAVES MAIS IMPORTANTES SEPARADAMENTE!!


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