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03.10.2016

29° Domingo do Tempo Comum

A oração, a acolhida da Palavra e a maturidade da fé


A oração, a acolhida da Palavra e a maturidade da fé.

 

A liturgia do 29° Domingo do Tempo Comum apresenta como tema central a oração, unida a dois outros pontos que são a maturidade da fé e a Palavra de Deus. A pergunta de Jesus no final do Evangelho serve de elo de ligação para toda a liturgia desse domingo, já que coloca a questão sobre a maturidade da fé, que depende da oração e da escuta da Palavra de Deus.

 

No que diz respeito à oração, no centro do Evangelho deste domingo encontra-se uma viúva. Diante da Lei, as viúvas, os órfãos e os estrangeiros deveriam ser protegidos e amparados. Toda a literatura sapiencial e os profetas são unânimes em exortar o povo de Israel ao cuidado devido para com esse grupo específico e, de maneira especial, o das viúvas que deveriam ser tratadas com justiça e com zelo. Jesus, ao falar da insistência da viúva em apresentar a sua causa diante de um juiz iníquo, que não lhe dava atenção, reflete sobre a persistência da viúva como um sinal para indicar o valor da oração constante e perseverante. A mesma indicação sobre o valor da oração se encontra no texto que retrata a parábola do homem que foi perturbado durante à noite por um amigo pedindo comida para outro que tinha chegado tarde em sua casa (Lc 11,5-6). Ainda na Primeira Leitura, o valor da oração é confirmado ao apresentar Moisés em oração constante, garantindo a vitória dos filhos de Israel sobre os amalecitas.

        

A Segunda Leitura indica a acolhida da Palavra de Deus que tem o poder de comunicar a sabedoria e conduzir à salvação, como modo de formar homens e mulheres qualificados para toda a boa obra do Reino. De certo, podemos dizer que é no encontro com Cristo, que nos revela as Escrituras, que são formados os discípulos e as discípulas missionários, capazes, pela graça de Deus, de serem sinais do Reino hoje. Desse modo, a vida desses homens e mulheres, convocados ao caminho do discipulado missionário, seria marcada pelos valores do Evangelho, expressão do Reino de Deus. É pela Palavra de Deus lida, refletida e rezada, em todos os espaços que a Igreja oferece, isto é, nas celebrações litúrgicas, nos Círculos Bíblicos, nos momentos de oração nas comunidades e na oração pessoal, que são formados os verdadeiros discípulos de Cristo.

        

Quando se fala sobre a maturidade da fé, no coração da parábola do Evangelho do domingo, encontra-se uma indicação de que o Reino de Deus não tardará. A urgência do advento do Reino é entendida principalmente quando se trata do cuidado para com os pequenos e pobres e a manifestação da misericórdia de Deus com os que sofrem e são excluídos. Todavia, a urgência da salvação, a manifestação do Reino de Deus, algo tão importante no Evangelho de Lucas, tem uma implicação direta na acolhida da proposta do Reino por todos. Sendo assim, a parábola é dirigida a todos como um questionamento sobre o modo como se vive a expectativa do advento do Reino e sobre como se professa a fé, isto é, sobre a maturidade da mesma. Ao terminar a parábola com a pergunta: Mas o Filho do homem quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra? (Lc 18,8), Jesus deseja refletir sobre que "tipo" de fé encontraria. A sua pergunta não é sobre a existência ou não da fé, mas sobre como seria professada e de que modo seria vivida. A fé madura é aquela que toca a vida marcando-a com os sinais do Reino, tornando o fiel portador da graça, da bondade e da misericórdia de Deus. Aquele que professa a fé de forma madura não compactua com a injustiça e a opressão, mas, ao contrário, defende a vida e se coloca ao lado dos mais pobres. Sendo assim, a fé madura é vivenciada nas obras de misericórdia, na comunhão fraterna, sinal do compromisso daqueles que são discípulos de Cristo.

        

Sendo assim, a liturgia do domingo quer indicar a ligação profunda entre a oração, a acolhida da Palavra de Deus e a fé madura, já que a última é profundamente dependente das duas primeiras. É maduro na fé aquele que faz da oração e da acolhida da Palavra de Deus lugares do encontro profundo com o Senhor e espaços de conversão e de vida nova. A acolhida da Palavra e a verdadeira oração são eficazes quando se traduzem na vivência dos valores do Evangelho, fazendo surgir novos discípulos missionários, profetas da caridade e da justiça. Estes homens e mulheres novos seriam capazes de ter um coração solidário e compassivo, prontos para toda boa obra missionária, levados ao encontro dos que sofrem, levantando os caídos, estendendo as mãos aos que mais precisam, defendendo a vida em todas as suas manifestações.

        

Por isso, é essencial pedir ao Senhor o dom da oração e da acolhida da Palavra, a fim de que na leitura orante da Sagrada Escritura sejam formados os verdadeiros discípulos e discípulas missionários, sinais do Reino de Deus. Tais homens e mulheres, marcados pela Palavra e transformados pela oração, se tornariam, nas Comunidades Eclesiais de Base, missionários e profetas da justiça e da misericórdia de Deus.

Pe. Andherson Franklin Lustoza de Souza

 

 

 

 

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