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19.12.2016

Vigília do Natal do Senhor


2Sm 7,1-5.8b-12.14a.16 / Sl 88 / Tt 2,11-14 / Lc 1,67-79 ou Lc 2,15-20

 

A luz resplandecente, a grande alegria e o nascimento do Salvador

 

Com a coroa do advento completa, passados os dias de preparação e tendo sido percorridos os passos que conduziam à celebração da vigília de natal, já é possível escutar os cantos de alegria e louvor pelo menino que nasceu. Na vigília de natal todos são convidados, pelas leituras da liturgia, a se desvestirem de suas expectativas e falsas seguranças, a fim de se achegarem à manjedoura e reconhecerem o sinal que lá encontrarão. O profeta Isaías exulta de alegria ao ver nos ombros do recém-nascido a força da paz, o portador de uma luz resplandecente capaz de iluminar todo homem. A mesma grande alegria se encontra no anúncio feito pelos anjos aos pastores, pois nasceu o Salvador que é o Cristo Senhor. No menino nascido em Belém, todos são chamados a reconhecer o Salvador da humanidade, aquele que acolhe e perdoa, salva, liberta e conduz ao Pai todo aquele que a ele se achegar.

 

Nas palavras do profeta Isaías encontramos a imagem da escuridão que envolvia o caminhar do povo eleito. Nas culturas antigas, a escuridão representava o caos originário, onde estavam as forças hostis ao homem, algo que vemos também retratado no início do livro do Gênesis, uma vez que as trevas que cobriam o abismo. O profeta, ao utilizar essa imagem, procura indicar as dificuldades sofridas pelo povo de Judá diante das investidas militares dos assírios - um povo pequeno e humilhado, fraco e sem capacidade de reagir diante da força e da tirania dos inimigos. Em meio a tal desolação e escuridão, eis que o profeta vê uma luz que surge vitoriosa e vigorosa, resplandecente em fulgor e luminosidade. A força dessa luz divina irrompe diante das trevas e das dificuldades humanas, portadora de alegria e de paz. A mesma luz que o profeta reconhece se faz presente junto aos pastores, quando recebem o anúncio do anjo a respeito do nascimento do Salvador. Uma luz que invade e ilumina a situação de exclusão daqueles que nem mesmo poderiam estar dentro da cidade, pois eram considerados impuros. Aqui está a primeira verdade do natal: Deus entra na história humana marcada pela dor, pelo sofrimento, pela morte, pela exclusão e pela miséria, para dar nova dignidade, principalmente àqueles que estavam sem esperança e sem futuro, perdidos, excluídos e abandonados. De fato, ir ao encontro daquele que nasceu no natal é ser iluminado por ele, é abandonar os lamentos de dor e tristeza e se revestir da alegria própria daqueles que caminham sob a luz do Salvador. Todos são convidados a reconhecer no menino Jesus a força da graça de Deus, capaz de fazer novas todas as coisas e de comunicar aos homens a força dessa renovação. Sendo assim, aquele que a ele se dirige, não somente é iluminado e revigorado, mas torna-se portador da mesma luz resplandecente e vigorosa que o invadiu. Neste caso, celebrar o natal significa acolher a luz; viver segundo a luz significa iluminar as trevas e ser sinal profético da presença de Cristo no mundo.

 

Ainda nas palavras do profeta Isaías, a luz resplandecente do Príncipe da Paz é portadora de uma grande alegria, própria dos agricultores em tempos de grande colheita e dos guerreiros diante de uma grande vitória. A força dessa grande alegria está no fato de que é o próprio Deus que toma a defesa de seu povo, é ele que lhe tira dos ombros os fardos pesados e as cadeias de opressão, multiplicando no coração dos homens a alegria e a paz. Do mesmo modo, no evangelho de Lucas, o anjo anuncia a grande alegria do nascimento do Salvador, aquele que tomará os seus pelas mãos e os guiará ao Pai. Esse anúncio alegre da salvação estará presente em todo o evangelho , ressaltando a grande alegria contida na presença e na ação salvadora de Cristo. Desse modo, fica claro que a grande alegria reconhecida pelo profeta e anunciada pelo anjo está no fato de que é Deus quem toma a história de seus filhos nas mãos. Em sua intervenção salvífica se veem rompidos os jugos da escravidão, as correntes da opressão e seus filhos são libertos. O Filho de Deus assume a história humana, a fim de que tudo seja por ele renovado; a humanidade não é mais a mesma, pois algo totalmente novo aconteceu. Os desertos irão florir e se alegrar, da terra seca flores e frutos irão brotar, a grande alegria será anunciada a todos: nasceu para vós o Salvador. Sendo assim, todos os que a ele se achegam e dele recebem toda a graça e salvação, são chamados a serem sinais visíveis da grande alegria, que é a presença do Salvador. Desse modo, onde houver um discípulo de Cristo, ali deverá chegar o anúncio alegre da salvação, não somente por palavras, mas, sobretudo, pelos atos que correspondem à salvação acolhida. Celebrar o natal significa acolher o anúncio alegre do Salvador e se tornar portador de sua boa nova, isto é, libertar os cativos, socorrer os sofredores e anunciar aos pobres a sua participação plena na vida e no Reino.

 

Na força das palavras do profeta Isaías está indicada a razão última da luz resplandecente e da grande alegria:"nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho". De fato, a menção mais próxima a que se refere o profeta é o nascimento do rei Ezequias, que governará Judá. Todavia, o olhar se dirige ao futuro messiânico, no qual pousa a esperança de um rei messias, um rei ideal que salvaria todo o povo. No nome dado ao menino estão presentes quatro importantes qualidades: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da paz, uma imagem ideal que ganha força no coração daqueles que esperavam ansiosamente o Messias.  

 

Na descrição do nascimento de Jesus, segundo o evangelho de Lucas, a força da narração está no fato de o evangelista ter tido uma grande preocupação de ressaltar o valor histórico do evento. O nascimento do Salvador é expressão de um sim definitivo de Deus à história humana representada pela descrição detalhada do evento, de forma especial na menção da presença e dominação dos romanos. Nesse espaço e nesse momento da história, surge o anúncio do anjo aos pastores, no qual encontra-se a verdade a respeito daquele que nasceu: nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor. Ainda na descrição do anjo, o sinal que indicaria aos pastores de terem encontrado o menino Deus era o fato de ele estar envolvido em faixas e deitado numa manjedoura. O Evangelho de Lucas ao apresentar, a cena do nascimento de Jesus, une diretamente este episódio ao de sua morte na cruz, visto que Jesus recém-nascido, é envolvido num manto e depositado na manjedoura; após sua morte, ele é descido da cruz, envolvido num manto e depositado num túmulo. Dessa forma, o evangelista deseja anunciar, desde o nascimento do Menino, que Jesus é o Salvador da humanidade, aquele que vem em nome do Senhor para salvar o seu povo.   Tal anúncio é repetido nas igrejas do mundo inteiro, para que cada homem e mulher que junto aos pastores se dirigirem à gruta de Belém encontre lá o Salvador. Todavia, somente serão capazes de reconhecê-lo os que se colocarem a caminho, os que tiverem coragem de enfrentar o frio e a solidão, os que estiverem dispostos a se abaixarem, a fim de reconhecerem a força de Deus na sua simplicidade. Seguir o anúncio do anjo e ir ao encontro de Cristo significa tornar-se seu discípulo, ser capaz de abraçar o Salvador e acolher dele a graça da sua luz e da alegria própria da salvação. Acolher o salvador que vem é receber nos braços o Filho de Deus, aquele que curou os cegos, libertou os cativos, anunciou a Boa Nova e doou a vida. Sendo assim, ao abraçá-lo, cada um é convidado a fazer sua as opções de Cristo e tornar-se sinal de salvação, portador da luz resplandecente do natal, anunciador da grande alegria, por meio de palavras e ações: Nasceu hoje para vós o Salvador!

 

         Que a grande alegria do natal invada os corações, as famílias e ressoe em nossas comunidades eclesias de base, a fim de que todos sejam convidados a acorrerem à manjedoura, para lá encontrarem o menino recém-nascido, o Salvador da humanidade, aquele que pode iluminar a todos com a sua luz resplandecente.

 

Feliz natal a todos!!

 

Pe Andherson Franklin Lustoza de Souza

 

 

 

 

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