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02.01.2017

Epifania do Senhor


Is 60,1-6 / Sl 71 / Ef 3,2-3a.5-6 / Mt 2,1-12

 

A universalidade da salvação­ – Sair ao encontro de Cristo – A escolha de um outro caminho

 

Na Solenidade da Epifania do Senhor, toda a Igreja celebra a presença do Verbo Encarnado de Deus e sua manifestação a toda a humanidade. Nesta ocasião, no momento oportuno, são proclamadas as principais datas das celebrações e solenidades litúrgicas, no intuito de descortinar diante dos fiéis o caminho que todos são convidados a percorrer durante o ano litúrgico. A Epifania ressalta o aspecto fundamental da universalidade da salvação ao afirmar que todos, sem exceção, são acolhidos na presença de Deus. Todos são convidados a ir ao encontro de Cristo, já que nele todos são reunidos num só povo, chamado a viver segundo a graça de Deus. Nesse caso, a estrada feita pelos magos, vindos do Oriente, e a escolha de um caminho diverso em seu retorno para casa indica o encontro com o Senhor e o caminho do discipulado missionário.

 

Na primeira leitura do profeta Isaías, é retratado o retorno do povo de Israel da Babilônia para terra prometida, a reconstrução material e, sobretudo, civil e religiosa de sua nova vida. Existe uma necessidade de recuperar a identidade perdida, e, por isso, a preocupação em se fechar ao diferente, ao estrangeiro é muito grande. Neste contexto, o profeta não se cala, mas levanta a voz no intuito de recordar a todos uma verdade essencial que está na vocação de Israel: o fato de que o Reino de Deus diz respeito a todos. Por isso, o profeta chama a atenção para que vejam aqueles que vêm vindo de longe para adorar o Senhor, reconhecendo em Israel uma fonte de bênçãos e graças da parte de Deus. O mesmo se encontra na segunda leitura, quando o autor afirma que Deus desejou revelar o seu plano de amor oferecendo a todos, inclusive aos pagãos, aos que estavam fora da Aliança, o caminho de salvação. No evangelho isso é claramente apresentado na figura dos magos do Oriente, que conduzidos pela estrela chegam para adorar o menino recém-nascido. Todos esses pontos confirmam, de modo claro, a verdade da festa da Epifania, a universalidade da salvação, isto é, todos são chamados a ser discípulos de Cristo

 

A celebração da Epifania é uma afirmação clara da universalidade da salvação, algo oferecido gratuitamente a todos os povos, nações, em todos os tempos e lugares. Ninguém é estrangeiro na casa do Pai, uma vez que é pelo seu Filho, nascido no natal, que todos são por ele abraçados, acolhidos, perdoados e salvos. Nesse sentido, a Igreja, reunida ao redor da Palavra de Deus e da Eucaristia, é convidada a se tornar sinal claro da universalidade da salvação, convidando aos filhos e filhas de Deus a experimentarem a alegria da salvação oferecida em Cristo.

 

A festa da Epifania também é uma celebração da luz do Senhor, presente na primeira leitura, na afirmação do profeta ao dizer da glória do Senhor que ilumina toda a cidade de Jerusalém, bem como na estrela que conduzia os pastores ao Senhor – a verdadeira luz do mundo. Todos são convidados a caminhar iluminados por essa luz brilhante: sejam aqueles que retornavam a Jerusalém, depois do período do Exílio, como também os magos que foram tocados pela luz da estrela no Oriente. Em ambos os casos, os que se colocavam a caminho procuravam algo maior que pudesse dar um sentido para o próprio caminho. De fato, desejavam ir ao encontro de algo que os fizesse suportar as dificuldades da reconstrução da Cidade Santa e também aquecesse os seus corações nas noites frias do longo caminho partindo do Oriente. Para os peregrinos em seu retorno do Exílio da Babilônia, a esperança da visão do Messias os animava e fortalecia; já para os magos era a possibilidade de encontrar no rei recém-nascido a fonte de seu vigor e ânimo.

 

Todos são convidados a ir ao encontro de Cristo, pois na busca autêntica daquele que convida, que dá sentido ao caminho e pacifica os corações, é que está a verdadeira estrada, isto é, o discipulado missionário. Na celebração da Epifania é Cristo que atrai todos os olhares e é para ele que todos devem se dirigir. Os magos, enfrentando o caminho longo e tortuoso desde do Oriente, partiram deixando para trás a sua segurança e a sua vida, sabedores que iriam rumo ao desconhecido, tendo diante de si a luz de uma estrela e o desejo de encontrarem o Menino. A estrela os guiava e seus corações foram preenchidos de uma alegria celestial, quando a viram parada diante do lugar onde ele se encontrava. Assim, puderam adorar e depositar diante dele toda a vida e os seus maiores dons. Desse modo, os magos se tornam modelo para todos aqueles que procuram o Senhor de coração sincero; aqueles que, saindo ao seu encontro, caminham não somente na direção de Jerusalém ou de Belém, mas na direção da casa do Pai, onde todos contemplarão aquele que os fez trilhar toda a estrada: o seu Mestre e Senhor.

 

O caminho dos magos vindos do Oriente indica um desejo sincero de busca e de encontro, pois tendo deixado para trás toda a sua vida, colocam-se rumo a um caminho desconhecido e sem as seguranças de sua casa. Eles partem à procura daquele cuja luz viram nascer, guiados pela estrela que lhes precedia e indicava o caminho até o Salvador. Pouco se sabe desses homens, mas estavam à procura de alguém que desse sentido a todo o percurso feito, desejavam o encontro com o Recém-Nascido, com o rei de Isralel. Tendo-o encontrado, adoram-no, depoistam diante dele não somente os presentes, mas toda a sua vida e retornam por uma outra estrada. Todos esse gestos indicam o desejo do encontro e, mais ainda, o que tal encontro significou para esses peregrinos que vinham de tão longe. Os magos, depois de terem acolhido o Salvador, algo presente e descrito no gesto de adoração que realizaram, voltaram para a sua terra por outro caminho, isto é, fizeram uma outra estrada. Diante do Senhor, do Salvador, os magos depositaram a sua vida e, naquele mesmo instante, tornaram-se discípulos daquele que ansiosamente procuravam. A indicação do retorno por um outro caminho, não diz respeito à estada que fizeram, mas o modo como estavam, isto é, eles não eram mais os mesmos; tinham sido iluminados pela Luz que ilumina todo homem. Esse é também um grande convite da liturgia desse domingo: todos são convidados a ir ao encontro de Cristo, depositar diante dele a sua vida e deixar-se conduzir por um novo caminho. Quem encontra Cristo toma sempre outra estrada, segue por outro caminho, torna-se seu discípulo missionário.

 

Que a celebração luminosa da Epifania ilumine todas as comunidades eclesiais de base da diocese inteira, a fim de que se tornem lugares da acolhida e da celebração da salvação oferecida gratuitamente a todos, de modo que todos que se colocam a caminho ao encontro de Cristo possam encontrá-lo, acolhê-lo e, por sua graça, serem formados como novos discípulos e discípulas, cidadãos do Reino que sempre escolhem o caminho da solidariedade, da justiça e da fraternidade.      

 

Pe Andherson Franklin Lustoza de Souza

 

 

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