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08.11.2016

33º Domingo do Tempo Comum


Encerramento do Ano Jubilar da Misericórdia nos Santuários, nas Paróquias e nas Dioceses

 

A responsabilidade, a perseverança e o testemunho

 

Neste 33° Domingo do Tempo Comum as Dioceses do mundo inteiro, em suas catedrais, paróquias e santuários realizarão o encerramento do Ano Jubilar da Misericórdia, que será encerrado em Roma, na Basílica de São Pedro, pelo papa Francisco no domingo de Cristo Rei. Toda a Igreja é convidada a render graças ao Senhor por este Ano Jubilar, pela caminhada proposta pelo papa Francisco e pelo convite feito a toda a Igreja de se tornar um lugar de formação para a compaixão e a misericórdia.

        

A Liturgia deste domingo antecipa também o encerramento do ano litúrgico, que acontecerá no próximo domingo com um discurso eminentemente marcado pelo gênero apocalíptico. Sendo assim, alguns temas aparecem mais vivos nas leituras e no Evangelho deste domingo: a responsabilidade histórica, a perseverança e o testemunho.

  

Falar de Escatologia é sempre um risco sendo que, tal discurso, quase sempre é compreendido como parte de um gênero catastrófico e que se refere aos fins dos tempos quando acontecerá a recompensa dos justos e o fim trágico dos maus. Na verdade, o discurso apocalíptico, isto é, aquele que encontramos nas imagens do Evangelho deste domingo e em outros livros da Sagrada Escritura deve ser entendido de outra forma. A apresentação das imagens e o seu significado desejam trazer à tona a responsabilidade histórica de cada cristão, ou seja, o que cada um deve fazer diante de um mundo em constante mudança. O cristão é convidado a reconhecer o seu papel, sua responsabilidade batismal e histórica diante das grandes questões que o mundo apresenta: seja pelo cuidado com a natureza em constante perigo sobretudo, na defesa da vida e dos direitos de todos os homens e mulheres enfim, na construção de uma casa comum.

 

As palavras de Jesus no Evangelho de Lucas indicam a destruição do Tempo de Jerusalém, sabemos que o Evangelho foi escrito depois do fato ocorrido no ano 70 depois de Cristo. Sendo assim, o evangelista convidava os cristãos de seu tempo e por que não dizer os cristãos de hoje, a serem capazes de olhar para além das pedras do Templo caídas por terra mas, enxergarem as bases da sociedade que sofrem grandes abalos ainda hoje. A instrução do Evangelho deste domingo não fala dos tempos finais mas, do tempo da Igreja, do tempo do mundo hoje, no qual cada cristão é chamado a viver o kairòs da presença de Deus, cheio de esperança e fé, com a responsabilidade própria dos discípulos de Cristo. Neste sentido o discurso apocalíptico se aprofunda e apresenta as verdadeiras questões que devem ser colocadas diante dos discípulos de Cristo hoje: como se comportar diante de um mundo marcado pela corrupção e pela exclusão? Como manter viva a esperança e a fé diante das crises de nosso tempo? Qual a nossa responsabilidade batismal e histórica? Essas devem ser as questões próprias que surgem da leitura e meditação da Palavra de Deus, particularmente a proclamada neste domingo.

 

Juntamente com esse convite a assumir a responsabilidade própria que é conferida a cada cristão pelo batismo, e pela fé, a liturgia convida também à perseverança em meio às tribulações e perseguições. Os profetas clássicos entre eles Jeremias, viviam marcados pela perseverança como forma de fidelidade ao chamado e à missão que lhes foram confiados. Os profetas são homens da perseverança, firmados numa fidelidade que possui duas bases principais: a fidelidade a Deus e à sua Palavra, e ao povo que é o destinatário do anúncio da Palavra de Deus. Nesse caso, o profeta vive essa relação entre Deus, o seu chamado e o povo que lhe foi confiado pelo próprio Senhor como uma vocação. Desse modo, a vida do profeta é marcada por grandes perseguições, pelas dificuldades de sua missão e as questões próprias de cada tempo. Em meio as grandes tentações de abandonar o caminho, de seguir uma estrada mais fácil e não tanto marcada por dificuldades e perseguições, o profeta tem no Senhor o seu ponto firme e em sua graça a sua fortaleza. Mesmo os discípulos de Cristo foram chamados a perseverar, a serem marcados por uma força que vinha do alto e uma confiança quando a esperança estava prestes a ceder. Pois, quando tudo parecia perdido e as dificuldades do anúncio do Evangelho e de sua vivência eram enormes, o próprio Senhor lhes convidava a uma perseverança que nascia na intimidade com Ele e era nutrida pela acolhida da sua Palavra.   

 

Unida à responsabilidade histórica que nasce no batismo, juntamente com a perseverança em meio às dificuldades do seguimento, encontra-se a força e a necessidade do testemunho cristão. De fato, a adesão ao Evangelho coloca o fiel diante de um desafio constante que é o do testemunho fiel dos valores cristãos. Ainda hoje, em muitos lugares do mundo, alguns cristãos, por sua responsabilidade batismal, na defesa dos valores do Evangelho e da vida, doam o seu sangue, perseverantes no caminho do discipulado missionário.  São homens e mulheres marcados por uma experiência de fé que lhes confere a força de um amor comprometido, de uma fé viva e da consciência de sua missão como discípulos de Cristo. O seu testemunho é coroado com o martírio, as suas vidas e o seu sangue derramados no chão da terra se tornam sementes de novos cristãos. É possível também reconhecer em nossas comunidades eclesiais de base outros tantos modos de se testemunhar a fé e a perseverança como cristãos num mundo em constantes mudanças. Muitos homens e mulheres marcados pela força da Palavra de Deus e tocados pela experiência pessoal e comunitária de Cristo, tornam-se, pela graça do Espírito Santo, discípulos missionários. Tantos são os que se colocam do lado dos mais pobres, que se aproximam dos que mais precisam, que se fazem próximos dos irmãos e irmãs e oferecem por suas vidas um testemunho corajoso e fiel dos valores do Evangelho. Deste modo, estes homens e mulheres, jovens e adultos, inseridos em nossas comunidades eclesiais, são chamados a ser sinais vivos do Evangelho em nosso tempo, trazendo para a história os apelos de Deus como verdadeiros profetas.

 

Que no encerramento deste Ano Jubilar, celebrado em nossas comunidades e nas paróquias de nossa diocese, seja elevado ao Senhor um grande agradecimento por todas as graças recebidas e pelo convite a sermos uma Igreja Misericordiosa e Solidária. De maneira especial peçamos ao Senhor a graça para que nossas comunidades se tornem lugares fecundos na formação de discípulos missionários, cada vez mais comprometidos por meio da responsabilidade histórica que nasce no seu batismo e sejam perseverantes no testemunho dos valores do Evangelho

                  

                            Pe Andherson Franklin Lustoza de Souza

 

 

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